Thursday, February 14, 2008

Piloto automático de mim

Minha alma está doendo! Tudo dentro de mim está fora de ordem. Meus sentidos não sentem como se deve sentir. Meu corpo não reage como eu queria que reagisse. Estou numa espécie de "piloto automático de mim". Queria gritar, mas não consigo. Queria chorar, às vezes até consigo, mas as lágrimas já são poucas. Em alguns instantes, é desespero; noutros, anestesia. Sim, anestesia! O corpo não responde como se estivesse anestesiado. Preciso voltar a pilotar eu mesmo o meu existir.

Tuesday, February 05, 2008

Adeus

Só agora estou conseguindo escrever sobre um dos momentos que sempre acreditei que seria um dos mais difíceis e que, semana passada, eu infelizmente vivi.
A dor da perda é uma dor muito intensa. Mais ainda quando se trata da perda de alguém tão querido, alguém que esteve ao seu lado em momentos tão duros e que lhe carregou no colo, lhe pôs pra dormir, assistiu a suas mais tolas brincadeiras como se fossem as maiores obras da sétima arte.
Perdi minha tão querida avó, a quem com muito amor chamava de mãe, por ter sido ela tão importante na minha criação. Já faz uma semana, mas em meu coração sinto ainda muito forte a angústia da perda. Meus olhos, ao verem tudo que me traz lembranças dela,ainda sentem o ardor das lágrimas já escorridas. É muito intenso e vazio esse sentimento. É difícil aceitar a falta de alguém que outrora acreditei ser imortal.
Por outro lado, é preciso perceber que as pessoas, por mais que as amemos, precisam ir um dia, e vão... As pessoas são como as folhas que caem das árvores em todos os outonos. Para minha tão querida avó, uma mãe incondicional, o outono teve que chegar.

Soneto de separação
(Vinicius de Moraes)

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.