Wednesday, December 30, 2009

A poucas horas do fim


Eu mesmo comprarei as flores...

Após não mais que 365 dias, é novamente hora de dizer adeus a um ano. Parece que foi ontem que 2009 chegou, mas 2010 já está aí, batendo à porta com pressa para entrar. Mas antes que a porta de 2009 se feche, ainda há tempo para refletir...
O ano que termina foi um ano apressado. Muitos minutos para poucas horas e os ponteiros dançando em ritmo acelerado sobre os relógios. A vida que precisou se apressar e se dividir entre risos e lágrimas.
Pessoas especiais que chegaram quando menos se esperava. Alguém muito especial que surgiu do mais improvável dos lugares e trouxe momentos maravilhosos e intensos. Momentos que vieram (e talvez continuem vindo) em temporadas. Alguém especial veio e impôs paixão e saudade. Seria bom vencer as milhas de distância e mergulhar na imensidão azul de seus olhos!
Mas não é só de paixão que vive o homem. Precisa-se de algo físico, concreto. Foi por isso, talvez, que outro alguém apareceu, mas por chegar em hora imprópria acabou se perdendo e, provavelmente, querendo não fazer parte deste texto incoerente.
Um alguém especial, dos anos passados, também ressurgiu esse ano. Reapareceu, causou tumulto e realizou um desejo antigo com um beijo intenso em uma tarde de sábado. O beijo deixou um gosto diferente na boca e mais uma vez um desejo ficou guardado...
E os paradoxos continuaram muito incoerentes... Variações de humor, sentimentos confusos em um coração acelerado. Houve medo e insegurança. Houve muita, muita frustração. Sonhos cortados como planta verde. Sonhos que não amadurecerão. E como analgésico para as feridas, oito trabalhosos semestres foram as sementes para um diploma que chegará no início do ano que está batendo à porta e trazendo algumas várias dúzias de dias por onde passarão os primeiros passos rumo a um novo título.
Já que a palavra título apareceu, é mais que necessário dizer que o pensamento neste título fez com que o tempo ficasse ainda mais curto. Entre aulas, diários, relatórios, textos e provas, três teorias geraram a estrutura base para o funcionamento da mente ansiosa por melhores oportunidades.
Toda a correria e o amontoado de afazeres determinaram a semelhança entre um orientando e uma orientadora. Parece que ser Linguista é sinônimo de ter sempre muito o que fazer. E que bom ter o que fazer. Ocupar a mente foi o melhor dos alucinógenos experimentados este ano.
Por falar em ocupação, ela esteve presente até mesmo no dia de "apagar as velinhas", atenuando, felizmente, a imensa insatisfação daquele dia que, este ano, não foi bom.
Estar em dois lugares ao mesmo tempo, fazer duas coisas ao mesmo tempo, acelerar, correr, suar... Ufa! E agora é hora do ano acabar... Pois que acabe e deixe 2010 entrar. Entre feliz, ano que vem, sinta-se em casa. Ocupe seu espaço e traga boas energias e força para viver mais 365 quentes dias.
Mas antes que a folha do calendário seja virada, ainda é necessário comprar as flores... E no melhor estilo Dalloway, eu mesmo comprarei as flores para enfeitar a recepção do novo ano.

Feliz Ano Novo!

Tuesday, December 22, 2009

Já chegou o Natal



As ruas cheias de gente denunciam a chegada do período natalino. Pessoas andam de um lado para o outro e compram... Presentes para os filhos, presentes para os familiares. Há ainda aqueles que compram presentes para os colegas de trabalho em um ato de gentileza; outros, apenas se presenteiam. Algumas pessoas compram e dividem a conta em prestações que só estarão quitadas quando for tempo de mais uma vez comprar presentes e fingir ser Papai Noel.
Os supermercados também estão lotados. As filas, quilométricas, assustam a quem precisa apenas de um frasco de shampoo. É difícil viver às vésperas do Natal. Todos querem ser Papai Noel, todos querem celebrar a festa natalina como se a noite de Natal fosse o dia mais importante e mais significativo do ano. Parece até que os outros trezentos e tantos dias não valeram de nada. É esperando a chegada do Bom velhinho pela chaminé que as pessoas pensam em consertar os erros, pedir perdão, juntar a família, abraçar aqueles juntos dos quais passaram o ano inteiro, mas só na noite de Natal merecem sentir-se abraçados.
Que não pareça descrença, nem tão pouco pessimismo, mas a noite de Natal é apenas mais uma noite. Todas as datas são apenas datas. A vida não deixa de existir nos dias em que as filas de supermercados estão mais vazias ou nos dias em que não há ninguém fazendo compras. Dar presentes, abraçar, querer estar perto não deveria ser algo exclusivo do Natal...
E eu queria me sentir abraçado agora, duas noites antes da noite de Natal. Talvez com um desejo mais forte do que o que sentirei depois de amanhã, eu queria sentir o calor do corpo de alguém que me abraçasse com tudo de si.
Mas sem abraços nem muitas expectativas, o que resta é esperar, ao som de sinos e hinos natalinos, a noite feliz.

Feliz Natal a todos!

Friday, December 11, 2009

Aula da Saudade

Ontem, dia 10, tive a honra de ministrar a aula da saudade para a turma do 9º ano. Compartilho a emoção com o texto que escrevi especialmente para este momento.

JustificarDedicado à turma do 9º ano

Embora alguma pessoas me chamem de saudosista, eu nem gosto muito de pensar em saudade. Até hoje eu ainda não encontrei a saudade boa de que alguns falam por aí.
Mas é necessário sentir saudade sim. Ela é como uma marca que fica, avisando que alguma coisa que já acabou foi boa. E sim, as coisas boas sempre acabam. É a ordem natural da vida: acabar - começar - acabar de novo...
Pois bem, caros alunos (que a partir de agora começam a deixar de ser meus alunos), vocês estão numa aula chamada saudade porque uma fase da vida de vocês está se encerrando. Espero que seja saudade mesmo o que vocês vão sentir de tudo isso. A começar pela sala de aula que os abrigou por vários meses. E pela escola, que em sua estrutura, tem um pouco de cada um de vocês que passa por aqui e deixa sua marca, ou vocês acham que nós nos esquecemos de vocês?
Como, Ângelo, esquecer de pedir pra você tirar o boné no início da aula? E como não lembrar de seus corpos se movendo para conversar com o colega da cadeira de trás? Como hein, Tybald? E esses olhos expressivos cujo brilho sempre indica muitas novidades quentes para contar, Marta? Dá pra esquecer? Fale, Gracy, dê sua opinião, mas antes, é claro, mande Stephanie e Larissa pararem de conversar. Rafael, abra o livro, só que agora o livro da história que vocês estão construindo. E faça, Gabriel, sempre aquilo que lhe traz felicidade, pois, Lucas, tudo que fazemos hoje nos marca para o resto de nossas vidas.
É... Não dá pra não lembrar da menina com jeito levado, mas bem comportada e muito inteligente... Você sabe que é você, não é, Bruna? Se não sabe, Karol, me faça mais esse favor e avise a ela. E você, Marcelo, preste atenção, ou você acha que não estou lhe vendo? Venha aqui pra frente e preste atenção... Não quero nem falar sobre Arthur, menino com nome de rei. Será que tem por aqui uma candidata à rainha?
É, gente, não dá mesmo pra esquecer; ainda mais agora que, depois de muito trocar no início doi ano, eu agora sei quem é Kelly e quem é Caetano...
Meninos e meninas, não nos esqueceremos de vocês, principalmente das broncas. E esperamos que vocês não esqueçam o que tentamos ensiná-los. E não esqueçam, principalmente, dos momentos em que deixávamos o conteúdo de lado e tentávamos ensinar um pouco do que é a vida e de como é viver nos dias de efeito estufa...
Eu nem estava sentindo, mas agora a saudade chegou. Parece que vai tocar a sirene e vocês vão sair da sala de aula, mas dessa vez, que esqueçam a sede e mudem de caminho. Saiam rumo ao futuro e ao sucesso na vida.
Eu agradeço do fundo do meu coração por ter tido a honra de participar deste momento de vocês. Peço perdão por quando não soube entendê-los, e, exijo que vocês sigam em frente e estudem. Estudem muito mesmo! E que sejam homens e mulheres de bom coração.
E como último pedido (afe, que professor exigente, pede coisa demais!!!), peço que vocês saibam ver os dias bonitos e não os deixar ir embora. E sejam felizes, sempre!

Wednesday, December 09, 2009

Por entre a concretude dos sonhos

Sonhar não era para ele apenas a diversão favorita, era também sua profissão. Sonhador de carteira assinada, ele gastava seus dias a imaginar como seriam as horas seguintes e se nos minutos que estavam a esperar por ele estava guardada a felicidade. E também pensava sobre o amor, sobre as realizações que o futuro poderia lhe trazer. Seria ele bem sucedido profissionalmente? Mas em quantos anos tudo aconteceria? Quanto tempo seria necessário para que sua conta bancária mudasse do extrato quase negativo para o tranquilo extrato de vários dígitos?
Certamente, quando pensava no futuro profissional ele pensava com mais esperanças... O amor, entretanto, era um "sei lá o quê" que o assustava muito. Seus sentimentos no presente pareciam estar firmemente freados na frieza firmada sobre seus dias quase infinitos. Seus sentimentos, portanto, não lhe davam muito motivo para sonhar com um futuro com altas doses de amor. Ele até queria acreditar, mas era difícil crer que poderia se deparar com alguém que faria seu coração desparar.
Sem amor e com expectativas de um futuro profissional, ele sonhava com o passar dos dias, como a chegada dos meses e com o balé das estações. Sonhava com o verão e, quando lá, também queria o inverno. Gastava algumas horas sonhando, pois queria se permitir sonhar mais. De concreto ele só queria o chão sobre o qual precisava manter-se erguido.

Friday, December 04, 2009

As ondas


O tempo está passando e as coisas acontecendo muito rapidamente. Uma coisa atrás da outra sem muito tempo pra pensar. Quase não há mais o tempo para o cafezinho. Até mesmo o tempo dos abraços e as conversas bestas com amigos têm desaparecido. É a vida tentando nadar num mar muito agitado onde, muitas vezes, fortes e cruéis tempestades ferem os corações afogados em ondas de esperança e desejo. Dedica-se muito a algo, devota-se energia a algo, retira-se tempo do tempo que já não existe. Faz-se muito e uma simples onda arrasta tudo para o fundo do mar. Ficam, às vezes, sorrisos de dever cumprido e a emoção da realização plena. Entretanto, às vezes, a única coisa que resta é a dor para encarar as frustrações dos planos que não deram certo.
A vida é assim... Os dias passam e as pessoas precisam viver suas vidas. Algumas, gritam ou falam sem parar; outras optam pelas silenciosas palavras depositadas em brancas folhas de papel.

Sunday, November 01, 2009

Tempo e silêncio



O tempo, ou melhor, a falta dele, tem feito com que alguns de meus pensamentos se realizem em silêncio. Muita coisa acontece de uma vez só e não há direito a pausas para que os pensamentos se organizem devagar. Tudo exige eficácia e rapidez. Os dias estão rápidos. A vida está passando acelerada. Para onde tudo está indo? Para que lado as ondas estão arrastando os dias em maré altíssima?
Só sei que novembro chegou e que as lojas estão tomadas por enfeites de Natal...

Ps: Esta postagem é dedicada a Roberto, leitor assíduo e querido!

Tuesday, September 15, 2009

Quando nem tudo cabe no tempo

"I am only resolved to act in that manner, which will,
in my opinion, constitute my happiness"
(Jane Austen)


Não tenho usado muito este espaço para desabafos (pelo menos não de forma direta), mas vou usá-lo hoje. Por muitas razões que nem vêm ao caso. E vou dedicar o post a minha amiga Andressa, mais uma vez pela cumplicidade e por saber que ela compartilha de alguns dos meus sentimentos (e ocupações).


"Você tem até o dia 18 para enviar o artigo!", "Não esqueça o prazo das inscrições!", "Prepare o projeto!", "Faça!"... Frases como essas têm posto em desespero os meus dias meio angustiantes. Há muito desejo de fazer tudo isso e produzir. Produzir materiais relevantes para a minha carreira. Investir no que não vai embora.
Mas o acúmulo das atividades, dos compromissos e os miseráveis imprevistos parecem tomar uma proporção incapaz de caber em meus minutos. Sinto o cruel desespero e a dúvida de estar ou não seguindo os caminhos certos. Estar ou não agindo da maneira que, em minha opinião, constituirá minha felicidade. Minha mente e meu corpo sentem o peso do amontoado de coisas... E ainda aqueles alunos problemáticos! Talvez eu devesse me dedicar mais à pesquisa...
O corpo é o que mais sente, pois já em desespero, ele pede e pede muito. Clama até! Mais que nunca tenho dúvidas. Dúvidas das quais nada em mim é capaz de fugir. Tenho dúvidas e afirmo isso no melhor estilo Meryl Streep no filme Dúvida (Doubt, 2008).
Queria tomar um sorvete na praia e observar, pelo menos por alguns instantes os dias passarem, os carros passarem, as ondas fazerem seu balé... Queria sentir o vento do fim da tarde batendo no meu rosto como quando, há anos, eu pegava o ônibus de número 510 e ia tomar sorvete na Friberg. Meu sorvete de menta com chocolate favorito e que era sempre seguido por uma longa e agradável caminhada. Sim! Nunca pensei que pudesse dizer isso um dia, mas eu, às vezes, sinto falta de pegar um ônibus e sentir o vento no rosto sem me preocupar com o trânsito.
E como se não bastasse o tempo que insiste em não abrigar tudo o que eu tenho para fazer, ainda me aparece aquela fase da insegurança e das dúvidas. A fase mais cruel do tempo da saudosa espera.
Saudosa espera... Isso me faz pensar em uma coisa que talvez até der certo: esperar! É só o que homens como eu podem fazer. No meu caso, porém, esperar com os braços bem descruzados e com uma montanha de livros como companhia.

Friday, September 04, 2009

Biblioteca Itinerante


Quando era bem pequeno, eu tinha mania de pegar livros emprestados na pequena biblioteca itinerante que parava vez por outra na minha cidade. Para mim, toda vez que a biblioteca chegava era como se toda a felicidade do mundo fosse se realizar naquela estrutura móvel instalada na pracinha da cidade.
Minha cidade era uma cidade calma e pequena. Tão pequena que a pracinha principal ficava quase de frente para o mar. E era lá, quase de frente para o mar, que a biblioteca, como uma esperança para os meus pacatos dias, se instalava. Que festa! Acordava cheio de esperança depois de uma noite de ansiedade. Quais livros encontraria? Será que os últimos lançamentos das minhas coleções favoritas estariam disponíveis?
Eu corria para aquele pequeno espaço montado no meio da praça e lá passava o dia inteiro. Não lia, devorava com meu olhar faminto todas aquelas palavrinhas deitadas nas mais perfeitas páginas. Transitava entre os livros na esperança de que a companhia deles preenchesse meus dias vazios e pouco coloridos. Talvez por isso, eu buscasse sempre os livros mais coloridos. Ora livros amarelos feito o sol; ora, livros azuis como o infinito.
Lembro de uma vez em que encontrei um livro especial. Que obra! Quantas palavras perfeitas! Levei o livro comigo apertando-o contra o peito, como se quisesse colocá-lo dentro do meu coração. Cada linha lida me proporcionava mais felicidade. Cada minuto de leitura me fazia sentir o prazer jamais sentido. Eu estava fascinado!
Mas o livro era muito grande. Tinha muitas páginas e eu, leitor imaturo, era lento e acabei não conseguindo lê-lo de uma vez só. Tive que devolver o livro, pois a biblioteca viajaria para outra cidade. Chorei quase todas as minhas lágrimas de criança quando entreguei o livro nas mãos da senhora que tomava conta da biblioteca. A partida daquele livro causava um imenso vazio.
Meses depois, a biblioteca voltou. Corri para a pracinha, quase de frente para o mar, e encontrei aquele livro responsável por alguns dos meus melhores dias. Peguei-o novamente. Consegui avançar na leitura, li por vários dias sem parar. Estava mais uma vez preenchido de esperança e daquele prazer que até hoje não consigo definir.
Avancei na leitura, mas não consegui acabar de ler o livro. Era de fato muito grande. A biblioteca itinerante mais uma vez precisou partir. Foi para outra cidade. Longe... Para bem longe foi o meu livro querido. Outras tantas lágrimas de criança sozinha jorraram dos meus olhos. Um vazio tomava conta do espaço que só aquele livro conseguia ocupar. Um vazio no coração. Já eu, era de novo a criança carente à espera incerta de quando o livro de páginas coloridas voltaria aos meus braços.

Wednesday, September 02, 2009

Sobre o que interessa

Acredito que todos nós, pelo menos uma vez, já ouvimos a famosa frase: "Nós não fazemos só aquilo de que gostamos". Não dá para discutir a verdade dessa antiga sentença que nossos pais geralmente nos ensinam e exigem que coloquemos em prática na nossa vida. Mas, por outro lado, é muito verdadeiro, diria que sumarento até, o desejo de filtrar as coisas para vivermos e sentirmos só aquilo que nos interessa.
O cantor Lenine tem uma música chamada É o que me interessa. Na letra, o músico fala sobre utilizar esse filtro e ficar com o que realmente interessa. Ver as pessoas que nos interessam. Bloquear o resto e transformar o mundo exterior em miragem, como a própria música diz. Quem de nós não desejaria possuir um filtro como esse? Quem de nós não desejaria dizer não a um monte de coisas e viver só o que é bom e agradável? Eu desejaria.
Há vezes em que, assim como na música, é preciso que uma tarde faça silêncio e que nós possamos repousar tranquilos em uma rede como se no mundo nada estivesse acontecendo. Há vezes em que é preciso dizer não e sentir que é nosso, de verdade, o poder de dizer não. E enxergar do conforto da rede, ou do sofá da sala, ou da cama "o vento soprar a nosso favor", nos guiando por uma viagem íntima, na qual pressentimentos serão o prenúncio da saudade de algo que ainda está por vir. Nessa viagem, além dos pressentimentos, também deve haver espaço para pensar naquela pessoa especial. Pensar naquela pessoa que tem o poder de te fazer sossegar. Naquela pessoa que faz teu relógio íntimo atrasar. E como é bom perceber que você, aquela pessoa que acorda cedo pensando nas muitas obrigações, é capaz de se entregar a alguém tão intensamente ao ponto de acordar às duas da tarde em plena terça-feira.
Parar! Às vezes, é preciso parar e pensar no que realmente interessa, mesmo que para isso, antes precisemos fazer uma dezena de coisas que não suportamos.

Sunday, August 30, 2009

Facing The Hours

Há sempre aqueles dias em que sua mente não querer parar. Ela trabalha, pensa, tira seu sono. E você pensa. Pensa mais que aposentado, como disse Letícia. São planos que você insiste em fazer e, pelas incertezas, você começa a ser atormentado. São fatos que vêm acompanhados pela certeza e você percebe que um turbilhão de coisas está para acontecer. Um rio em seu curso, muita água correndo... A vida, nessas horas, parece uma correnteza que vai levando e trazendo coisas, sentimentos, desejos diferentes. Pensar em trabalho, no salário, nas contas... Pensar que, às vezes é muito mês para pouco salário. Perder a noite de sono enquanto a mente trabalha querendo inferir se você poderá ou não executar aquele plano lindo (que já se transformou em sonho na sua mente).
Nós sempre pensamos, uns mais que os outros. Uns não se dão conta de que pensam; outros, fazem do pensamento a insônia da noite que antecede um dia de trabalho. E entre um pensar e outro, o rio vai seguindo o seu curso.

Friday, August 21, 2009

Mais uma vez sobre amor e saudade

Tenho duas opções para começar este texto: pelo começo ou pelo fim. Mas qual é a maneira mais justa, mais adequada para este momento? Foi tudo vivido tão intensamente em um curto espaço de tempo. Treze dias para ser mais exato. Talvez fosse até justo escrever um texto em treze parágrafos. Um para cada dia. Mas eu não vou optar por números pré-definidos, nem muito menos por começo ou fim. Escolho começar pelo meio...
Ainda sinto, de verdade, a delicadeza de suas mãos tocando o meu corpo durante a noite, num toque que marcava a sua presença tão forte nas noites passadas. Sinto o seu cheiro e o gosto dos seus lábios após as dúzias de cappuccino tomados naqueles dias. Sinto a sua presença tão forte, tão marcante. Sinto ainda aquela sensação maravilhosa de saber que dormiria e que teria você ao meu lado até a manhã seguinte. E que a manhã seguinte seria sucedida por uma tarde que, por sua vez, traria em seu fim uma nova noite na qual dormiríamos mais uma vez e eu sentiria seu corpo colado ao meu.
Ouço ainda as palavras experimentadas, com gosto de fruta recém colhida. Palavras que tentava introduzir ao seu vocabulário. E ouço, sem dúvidas, seus pedidos de ajuda, demonstrando que as poucas palavras aprendidas não eram suficientes para sua comunicação plena e fluente. Mas eu estava ali e você sabia que estava todo para você. E por ter estado ali, eu ouço também seus pedidos de beijo e os estalos de nossos beijos...
Parece até que estou vendo o seu olhar, muitas vezes tão enigmático para mim, me pedindo para esperar. Seu olhar me perguntando o que eu queria, ou no que eu estava pensando quando já tomado pelo cansaço tinha preguiça de falar a sua língua. Vejo seu olhar silencioso e imagino que você via meus olhos movendo-se inquietos buscando gravar cada momento na película da lembrança. Vejo o filme inteiro agora.
Sinto o cheiro das brincadeiras e das conversas sérias denunciando que o aroma de nossos treze dias foi diferente. Foi mais intenso, mas também mais calmo. Cheiro minhas mãos e sinto seu cheiro que insiste em não querer sair delas (e eu não quero que saia!). Não quero que fuja nada dos momentos que passamos juntos. Não quero que fuja a longa caminhada, nem a excitação de ter você ao meu lado. Não quero que fuja a lembraça do pôr-do-sol mais lindo de todos. Nunca estive tão feliz na hora do sunset.
Eu sei que poderia escrever muitas outras linhas, mas as guardo como meus íntimos souvenirs. Assim como guardo o seu silêncio no caminho de volta para casa e a imagem do seu olhar, que você não me deixou ver, enquanto você cruzava o portão B. Só não posso mais guardar as lágrimas que derramei quando vi que você tinha sumido através do portão B. Elas escorreram pelo saguão e ficaram na memória de quem via alguém que sentia, mais uma vez, a dor da despedida e a chegada da saudade anunciando mais uma temporada de espera por você.
Mas não quero terminar o texto em lágrimas, não seria justo. Foram treze dias imensamente felizes. Com a saudade, os dias ensinam a lidar. Nenhum lugar é tão distante e existe a tecnologia, que embora não seja a mesma coisa, até ajuda a acalmar a saudade, palavra da minha língua que eu espero ter lhe ensinado a sentir.

Saturday, August 01, 2009

Como água

Eu ainda lembro daquele menino de cueca brincando no chão da sala. Um saco de brinquedos embrulhados em sonhos. Havia lugar para todo tipo de brincadeira. O dia corria suave através daquelas brincadeiras perfeitas.
Era um menino que não precisava de outros para brincar, para se sentir feliz. Tardes inteiras, pedaços de noites e fins de semana eram preenchidos por peças e mais peças de brinquedos espalhados pelo chão... Fora o tapete! "Mãe, ela colocou o tapete de novo!", e Mãe dizia: "Tire, meu filho, e vá brincar!". E o menino tirava suas fardas de estudante dedicado e rendia-se à bagunça que só ele entendia.
Mesmo quando o fim da tarde chegava, a hora do banho, a brincadeira não acabava. Era transferida do beco, cenário para todas as brincadeiras reais e também para as roteirizadas, para o banheiro, onde seu gosto pelo canto se fazia presente. Ele sempre cantou muito!!! Da porta para dentro era tudo canção. Da porta para fora: "Menino, desligue esse chuveiro!".
Foi entre uma brincadeira e outra; entre uma canção e outra, que o menino cresceu. Abandonou o hábito de ficar de cueca pela casa. Foi descobrindo o corpo que resolveu se cobrir. Não brinca mais (será mesmo?) nem tem muito tempo para cantar no chuveiro. Alguns dos sonhos que embrulhavam brinquedos se perderam pelo caminho dos anos e nem mesmo ele sabe onde encontrá-los de novo. O tempo passou. Sempre passa! O menino se fez homem e a vida segue em seu ritmo de correnteza.

Sunday, July 26, 2009

A grande mãe

Esses dias uma amiga sentiu o mesmo vazio que eu senti há vários meses, e, isso me faz recordar a minha própria dor. Principalmente hoje, que é um dia detentor do poder de acentuar a falta. Comemora-se hoje o dia dos geradores dos geradores. Hoje, vêm as lembranças mais diversas. Lembranças que atingem o paladar, que vêm aos olhos; outras, são apenas auditivas ou, talvez, oufativas, quando se sente no ar aquele cheiro que faz você lembrar. Hoje é um dia em que, sem querer diminuir os outros que formam o grupo dos avós, eu me lembro e sinto doer a falta de Maria.

Sunday, July 12, 2009

Vende-se um coração

Andar pelas ruas e ver um monte de pessoas estranhas lhe servia como fantasia. Para cada rosto, uma história diferente. Desejos diferentes surgiam em sua mente como um amontoado de anúncios na página dos classificados. Sempre uma história de amor, com muita paixão, com o mesmo encanto e delicadeza da coluna literária do jornal do domingo anterior. Aos seus olhos, a vida era o mais lindo soneto. Apertos de mão, encontros casuais, para tudo ele achava motivo, e coincidência era uma coisa que não existia e ponto final. Estava tudo escrito nas estrelas e mil fatos precisavam acontecer para que um simples e único encontro se desse. Era tudo arranjado em versos de métrica mais-que-perfeita. Não era coincidência encontrar numa sala de espera o cara legal que vira há um mês em outra sala de espera. Era destino. A vida era determinada pelo destino e nada mais.
E não só de salas de espera vivia o homem, também de lojas e corredores de shopping centers. Postos de gasolinas, clubes e pubs. Em todo lugar havia um alguém diferente com quem se podia criar uma história de começo e meio. O fim não poderia existir, pois era o fim que lhe causava calafrios, era do fim que ele tinha medo. Já era-lhe suficiente lembrar dos pedaços deixados pelo fim da história anterior. Por isso não desejava repetir os fatos buscando o mesmo enredo. Ele procurava quem preenchesse seu coração, procurava alguém para quem voltar, como se seu corpo fosse um navio a conduzir seus dias em maré alta. E tinha ânsia de paixão, de história para contar. Queria flutuar em campasso com as batidas do coração apaixonado, que deveria bater como uma zabumba. Seu maior anseio era se sentir tomado por alguém que também o faria delirar de prazer nas horas de paixão tórrida.
Ele era um homem na tentativa de desconstruir a idéia romântica de amor. Racional, ele não poderia admitir Romeus ou Julietas, nem qualquer cavalo branco. Mas por ser passional, na sua fantasia, sempre havia uma história falsa que ele mesmo tratava de imaginar e que, através das palavras que escrevia, ele tentava eternizar. Por ser passional, ainda acreditava em alma gêmea e coçava o dedo anelar, ora na mão direita, ora na esquerda (quando as histórias criadas em sua mente fértil pareciam-lhe bem arranjadas).
Era sim um homem com vontade de ser feliz, com vontade de desejar, amar e se apaixonar. Vestia-se com cuidado e caminhava pelas ruas tentando encontrar quem o fizesse feliz. Entrava em lugares, em desespero, para saciar o desejo por horas tórridas. Na volta para casa, ele parava na redação de algum jornal e mandava escrever em letras garrafais o seu íntimo anúncio: "Vende-se um coração".

Thursday, July 02, 2009

Labirintos íntimos

O tempo tinha passado, mas lá no fundo do coração ele ainda me deixava inquieto. Pensar nele era como lembrar de coisas que nunca tinha feito. A imagem nítida do sorriso debochado que costumava sair da sua boca grande fazia meu corpo arder. Eu tremia na saudade de algo que não tinha acontecido. Eu pisava uma terra seca. Eu caminhava no deserto das memórias não resolvidas.
Porque também ele tinha pensado. Isso eu sabia. Ele também tinha pensado nos sentimentos que voam pelo ar que respirávamos. Ele tinha pensado em ter coragem para dizer que queria ao menos entender a si mesmo. E um dia, a coragem apareceu. Ele tremeu. Ele resistiu. Mas ele se entregou. E depois, ele sumiu. A coragem se esvaiu.
Não dissemos adeus. Não falamos nada com nada. Mais uma vez aqueles sentimentos estiveram soltos pelo ar. E, agora, ainda é chato lembrar. Uma memória que insiste em se fazer presente. Um gosto de passado pela metade. Amargo gosto de passado pela metade. Ele deveria estar aqui. Ele deveria ter tido coragem. Mas o fraco foi ele, não eu. Ou será que a fraqueza foi minha também? Agi errado?
Hoje não encontro respostas. Não encontro o sorriso gigante. Não encontro um caminho de grama que me leve àquele ato passado, que foi presente e que busca futuro. Não o encontro e me perco na inquietude desses sentimentos que permanecem guardados em mim.

Thursday, June 18, 2009

Conversinha besta

Sabe aqueles dias em que você se sente como se tivesse ido ao céu e ao inferno num curto espaço de tempo? Em casa, um clima chato, muitas coisas acontecendo, muito barulho. Pessoas demais falando demais. No quarto, o suposto refúgio, as coisas fora de ordem, tudo em uma grande bagunça. Livros, papéis, chaves, lápis... A roupa do dia anterior pendurada na cadeira. As paredes e a ausência de uma grande janela de vidro. O caos! E lá dentro de você, uma vontade quase incontrolável de gritar.
Mais tarde, ver alguns amigos queridos deixa tudo melhor. Sorrir um pouco, fofocar um pouquinho também é bom. E no meio de tudo, entre o céu e o inferno, da forma mais neutralizante possível, ver um sorriso especial de uma criança querida para sempre. Sentir o abraço daqueles pequenos bracinhos e saber que há no mundo alguém que ainda nem produz enunciados do tipo SVO (sujeito-verbo-objeto), mas que tem nas mãos o seu sorriso e a sua alegria.
Na mente, agora, milhões de coisas... Até este texto sem sentido, que flui dominado pela voz de Renato Russo. Na mente, cenas de um filme, a melodia de uma canção, a vontade de dançar e a vontade de se entregar aos braços de alguém que se ama. Desejo de suspiros, desejo de paixão, desejo de desligar o piloto automático e viver de verdade.

Saturday, June 06, 2009

Nada mais que um beijo


Porque aquele beijo representou muito. Desejos e sentimentos guardados a sete chaves se fizeram vivos por causa de um simples beijo.
Você me tomou em seus braços, me beijou. Meu braço sente vivo o toque de sua mão puxando meu corpo de encontro ao seu. Tremi naquele instante um tremor que há muito tempo quisera ser tremido. Senti como verdadeira a falsa sensação de ser seu e de ter você só para mim. Foi um instante de nada para simbolizar um tudo. Todas as noites nas quais tinha pensado em você, todos os suspiros que eu tinha suspirado foram, por aquele beijo, simbolizados. A alma banhada pela meia-realização da antiga fantasia. Um pouco de orgulho devolvido.
Mas depois do beijo você se afastou. Deixou o orgulho despedaçado mais uma vez. Você não deixou a fantasia ser realização inteira. Você afastou seu corpo do meu, num momento em que ainda sentíamos excitação. Senti seu corpo pulsante de desejo pelo meu que, trêmulo, também desejava. Senti seu corpo se afastando do meu. Você se pôs longe. Aquele beijo talvez não mais seja sentido. Ficaram a marcae o gosto do seu beijo. Ficou o seu corpo, por alguns instantes, junto ao meu. Fiquei eu, sozinho, ainda desejando você. Ficou você, londe de mim, tentando se convencer de que nada sentiu.

Tuesday, May 26, 2009

2ª Via

Aquele cara louco tem escrito muito. Perdidos em sua insanidade mais que perfeita estão escritos de valor afetivo. Alguns sem qualquer toque de literariedade. Noutros estão escondidas pretensões literárias sim. Talvez ele pense em uma publicação futura. Seriam suas memórias, seus sentimentos expostos em folhas de papel. Ele se mostraria como nunca fizera antes se organize seus textos. Mas ele está escrevendo. O cara tá maluco!!! Ele tá sentindo muito, sente dor, sente amor, sente saudade, sente vontade. Tudo no mundo gira em torno de desejos e esse cara deseja muito. Deseja de si, deseja dos outros, deseja do mundo. Deseja simplesmente. Ter é mais difícil. Querer não é ter. Querer é saber que se quer. Ter consciência é bom e o cara tem consciência de quem é. Reconhece sua loucura e aceita seus momentos insanos de alguém que só sabe sentir de muito. Ele sente exarcebadamente o que sente. Ele é intenso e agradece a uma amiga por lhe permitir mostrar sua intensidade. Ele precisa brindar a essa amiga, que também sente insanamente.
O cara é sensível. O cara sente tudo de verdade e não esconde. O cara tá queimando por dentro. O cara quer e precisa encontrar na intensidade sua.

Monday, May 18, 2009

Dúvida


Por mais que se tente esconder, haverá sempre uma dúvida. Desde uma simples escolha de roupa a um complexo momento no qual se precisa escolher entre duas pessoas. É ruim ter dúvidas. Ter dúvidas dói. Causa insegurança, medo, desequilíbrio.
Ter dúvida é não saber direito por qual caminho seguir, é rodar em círculos buscando a melhor saída. As dúvidas são labirintos que insistem em nos manter presos. São criações da mente que, em muitas ocasiões, não está pronta. As dúvidas são o escape das decisões difíceis que precisam ser tomadas.
Lembro-me bem de quando tinha dúvidas durante as provas da escola. Quando pequenino, eu apelava para a professora, num bom estilo menino mimado. O tempo foi passando, eu fui deixando de ser tão perfeito (que bom!) e comecei a tirar as dúvidas através das respostas do colega da frente (e como, por muitos anos, o colega da frente era Elaine - inteligente amiga que certamente estudara na noite anterior -, quase sempre dava certo). E na provas, quando não era o colega da frente, eram os papéis passados nos testes de Física através do lugar da pilha na calculadora (Come on!!, em Física não era dúvida, o fato é que eu não sabia mesmo!!!). No vestibular, as belas questões de múltipla escolha: na dúvida, chuta uma letra só e você acertará pelo menos duas ou três.
Lembro-me também das eternas dúvidas de uma mente em construção. Tinha tanto medo de errar, de decepcionar quem de mim esperava muito, talvez por isso as dúvidas fossem tão frequentes. Sempre tive dúvidas e, na dúvida, tentava fazer o meio-termo entre as várias opções. Algo como "agradar a gregos e troianos".
E também lembro das dúvidas mais tórridas. Dessas não falarei, a censura não permite. Só digo que agradei a gregos e troianos.
Par ou ímpar? Cara ou coroa? Haverá sempre dúvidas. Haverá sempre medo, haverá sempre uma decisão certa e uma errada! Como disse Bial: "suas escolhas têm sempre 50% de chances de dar certo".
Por isso, odeio minhas dúvidas, mas as amo mais que nunca quando as odeio. Viva às dúvidas!

Wednesday, May 13, 2009

O menino que sonhava

Como na maioria das noites, ele estava sonhando. A exaustão do dia anterior talvez contribuísse para que imagens, por vezes fora de foco, passassem por sua mente durante o sono. Ele dormia para descansar. Dormia para sonhar com as lembranças que ele queria ter. O sonho o transportava para longe. O sonho lhe trazia o que estava longe.
Nos últimos dias ele vinha sonhando repetidamente com as mesmas pessoas. Eram donos de seus sonhos. Sonhos que eram trancados por uma chave com duas cópias. Uma chave estava longe, mas perto. Já a outra, estava perto, mas se fazia bem mais distante.
Os sonhos que ele tinha eram sonhos de amor que queriam ser abertos por uma daquelas chaves. Queria mais ainda ser aberto pela primeira chave. Chave mestra que levava seus sonhos para a cidade dos anjos. Levava e trazia sua mente em sono. Desacordo ele ia e vinha. Sonhos bons, amor... Sonhos perigosos, maus. Às vezes, acordava angustiado pela possibilidade de aquele sonho ruim se tornar realidade. Noutras manhãs, xingava o despertador por tirá-lo dos braços daquele sonho.
Mas seus sonhos nem sempre se mostravam tão bem localizados. Tinha sonhado dias atrás que, durante uma caminhada, encontrava um dos donos de seus sonhos. Encontrava com a sensação de quem encontra algo que se perdera.
Entre as perdas de sono, era preciso que ele soubesse reconhecer seus sonhos. E ele sabia reconhecer as alamedas por onde seus sonhos passavam. Reconhecia os sorrisos, as palavras, as cores de seus sonhos. Cores que jorravam dos olhos com os quais sonhava. Era um homem durante o dia, mas um menino indefeso à noite. Um menino frágil que buscava a cor mais azul para lhe proteger. Era um menino que buscava um certo tom de verde para curar seu orgulho de menino apaixonado.
Naquela noite, ele estava sonhando com a chave mestra. Chave que abria todas as portas e fechava todos os vazios. Mas a força daquela chave também poderia ser só um sonho.

Sunday, May 10, 2009

Sobre o que permanece


Há coisas que sempre ficam. Uma lembrança, um sorriso, um momento banal que se faz inesquecível...
Sentimentos são algo que sempre ficam. Ficam os desejos de que tudo sempre seja melhor, de que os dias próximos sempre sejam mais felizes. Ficam as sensações experimentadas nos mais diversos instantes da fascinante jornada da vida.
Nem todas as mães, mas a MINHA sempre permanece. Permanece nas palavras pequenas ditas pela manhã. Permanece nas perguntas (várias!) feitas ao longo do dia. Permanece no pensamento, junto às respostas mal-criadas. Permanece na memória ao lado das sensações vividas desde a também fascinante experiência do estar dentro de um outro ser. Isso mesmo! São nove meses dentro de um outro ser para depois sair e permanecer intimamente atrelado a este ser. A minha mãe permanece como um perfume único e íntimo espalhado desde sempre sobre a minha pele.
Que fiquem os problemas, as difuldades impostas pela vida. Que fiquem os defeitos que se mostram através da inevitável e essencial convivência. Que permaneçam as perguntas e as respostas mal-criadas. Com "abuso" ou não; com paciência ou não; com carinho, com atenção; com dedicação, que permaneça o sentir materno. Para mim, em especial, que sempre fique a admiração, que é eterna e incomensurável. E que para sempre fique a amada mãe, que é, de fato, tudo o que mais permanece.

Feliz Dia das Mães

Wednesday, May 06, 2009

Memórias roubadas

A sensação da perda é terrível. Viver com a certeza de que aquilo que lhe pertencia, não mais fará parte de sua vida. É uma sensação tão ruim quanto a impotência que se sente ao acordar de manhã e ver que seus discos não estão mais ali. Alguém sem nome, sem semblante, sem importância alguma ao seu ser invadiu o seu espaço e levou seus discos. Discos quando não se gosta da palavra cds. Carro aberto ou carro fechado? Não importa se o veículo fora arrombado! Seus discos estavam lá e, cada um deles, continha pelo menos uma música que fazia parte da sua história. As memórias que aquelas músicas traziam foram roubadas. Não importa também se eram originais ou gravações feitas em casa. Eram os seus discos que se traduziam em memórias. Músicas que lembravam um beijo, melodias que lembravam um amor antigo, arranjos que faziam você feliz. O último presente dado por um amor que ficou no passado. Um presente que você se deu e que significava muito para você. Não era dinheiro, felizmente você pode comprar os mesmos discos novamente e eles serão seus. Mas não serão os seus discos. Nunca mais serão os seus discos. E assim, não serão suas memórias. Foram-se os discos, foram-se as memórias. Alguém imundo e sem destino invadiu, feriu, arrancou algumas de suas memórias. Alguém imundo e sem destino, por ter tirado de você algumas de suas memórias, estará para sempre guardado no seu álbum de memórias tristes .

Sunday, May 03, 2009

Íntima melodia cantada pelo vento

O vento frio, o barulho da chuva, o domingo que passa nublado. Queria escrever, minha personagem tinha nome. Mas me falta a inspiração. Mas não será a chuva a minha exata inspiração? Talvez. Hoje acho que não. Estou inspirado em mim mesmo. Meus próprios sentimentos não cabem nas linhas que saem da minha mente. Sou eu. Estou eu. Pelas caixas de som, saem a perfeita melodia de Mozart. Sinto o frio do dia frio. Sinto o vento do ventilador deixando o quarto ainda mais frio. Um chocolate, um filme, uma taça de vinho, coca-cola, um alguém... Combinações perfeitas para um dia frio.
E meu pensamento que voa longe? Voa como o vento frio. Que saudade! Que desejo intenso de invadir a música que invade os meus ouvidos. Tudo parece tão perfeito. Estaria tudo quase perfeito se não tivesse que fazer os planos de aula para entregar à diretora da escola. Só de pensar e imaginar as feições dela, meu corpo sente uma inquietação. Nada contra a diretora, mas neste domingo, eu não gosto dela. Assim como não gosto de nada que cobre algo de mim hoje. Hoje sou eu e quero ser eu apenas. A mais nada será dado o direito de preecher meus pensamentos. Quero meus pensamentos limpos de delicadeza, de amor, de paz. Quero enfeitar minhas idéias com as coisas insanas que passam pela minha mente. Quero brindar à sanidade e festejar a loucura mais que necessária para sobreviver. Quero lembrar de momentos e sentir saudades. Quero perguntar ao Universo: "Why is he so far from me?". Mas não importa, longe ou perto, ele está em mim.
Quero também brindar a tudo que passa pela minha mente. Lembrei-me de Cazuza agora. Não sei o porquê, mas Cazuza invadiu minhas idéias. Cazuza era fascinante. Se pudesse, queria tomar um chocolate quente com ele agora.
Também é fascinante a capacidade que Mozart tem de me levar tão longe, de me colocar tão longe, de me fazer tão longe... Penso ainda em Clarice Lispector, Virginia Woolf e Oscar Wilde. Queria-os ao meu lado agora.
Acabo de descobrir (explosão!), em ritmo de epifania: Mozart me faz querer invadir as páginas de Jane Austen. Um brinde à Genilda, que nos apresentou.
E para onde voam meus pensamentos? Para onde foram as idéias e a inspiração? Minha cama está desforrada e a chuva continua caindo. Já eu, continuo eu, entorpecido de loucura, relaxado e ainda sem gostar do que exige de mim hoje.
No presente dia, de chuva, de frio, se fosse para pedir alguma coisa, pediria um cobertor humano, made of flesh and bones. Pediria a um Cazuza que protegesse "meu nome por amor, em um codinome beija-flor".

Saturday, May 02, 2009

To whom it may concern


It makes no difference at all if it's hot outside. I still feel cold. I need your fire to warm me up. I need to feel your touch. I need to feel your arms around me. I need to see you, to touch you, to feel you... I want that kiss. I want those words, whispered by you. I want to look into your eyes and see you're with me. And when our bodies feel the flames of our passion, I want to whisper the most beautiful and the sexiest words...

Thursday, April 30, 2009

Lá de longe

Há dias tenho andado distante. A distância que separa os sonhos da realidade. A distância que separa os planos de tudo que neste momento é concreto. A distância que separa carinhos, um beijo e uma sonhada noite de amor.
E também é a distância que machuca e desespera a mente de quem percebe o tempo passando, mas, ainda assim, sente como se os próximos atos da grande peça chamada vida estivessem muito longe de acontecer. Às vezes, a pesquisa atual parece estar muito distante dos projetos futuros. E sempre os projetos futuros parecem mais interessantes. Acredito que a distância, nesses casos, cria expectativa e guarda sempre a possibilidade de um dia mais feliz.
É lá de longe que eu ouço a voz que eu queria que falasse agora ao meu ouvido. É lá de longe que eu vejo as fotos de lugares onde eu desejaria estar (e sempre são bem distantes). É lá de longe que eu sinto o futuro bater a porta (um pseudo longe, já que o futuro está logo ali).
A vida é um túnel. Para alguns não há tempo de haver nada distante. Para outros, tudo está muito longe. O remédio? O equilíbrio? A verdade é que só o tempo pode curar e equilibrar os desejos ardentes de mentes sem ritmo. Mais que isso, o tempo, se Deus quiser, tratará para perto e concederá o status de seu a todos os desejos que vêm de longe.
Mas se fosse para escolher... Eu queria estar longe.

Sunday, April 19, 2009

Relações dialógicas

Quando os outros falam é bem difícil acreditar que as coisas pequenas são mais significativas. Parece um conceito abstrato que você não sente e, portanto, não acredita. Mas ao sentir que uma coisa pequena lhe fere você começa a acreditar...
É ao mesmo tempo engraçado pensar que uma simples linha, ou uma simples frase dita, pode mudar tudo. Pequenas cinco palavras, ou melhor, uma só palavra pode ferir, magoar e decepcionar. Somos muito frágeis frente ao discurso? Seria o discurso algo imóvel que bloqueia nossas ações? Às vezes, algumas palavras ditas não têm a intenção de machucar, mas tomam esse caminho involuntariamente. Não há discurso de um só. Até mesmo para um monólogo há sempre um ouvinte implícito. Como num jogo de pingue-pongue, a palavra é a bolinha que vai para lá e para cá. Os interlocutores são os jogadores; a voz, as raquetes.
A questão parece ser mesmo a forma como as palavras chegarão ao outro, no que tocarão. Se há sempre um ouvinte, deveria haver sempre um filtro entre os interlocutores para impedir que certas palavras capazes de ferir passassem. Mas agora, já não são as pequenas coisas abstratas, nem mesmo o tal filtro. O tal filtro simplesmente não existe.

Thursday, April 02, 2009

Ele apenas sabia as respostas



É sem dúvida um daqueles filmes que tiram o fôlego e causam ansiedade e excitação. Quem quer ser um milionário? Talvez a pergunta seja "quem não quer ser um milionário?". Afinal, no mundo em que vivemos é cada vez mais difícil tirar o sustento e levar uma vida mais confortável e sem muitas preocupações.
Mas o filme vencedor do Oscar 2009 é muito mais que isso. Não é apenas a luta nossa de cada dia, não é apenas o desejo de uma vida melhor. É um banho de vida - ou um milhão de vida, se soar melhor - em um filme que aparentemente não tem história. Em um flashback eletrizante é possível enxergar muito sobre amor, sobre força, sobre amizade e companheirismo numa intensidade que parece nem mais existir. É, acima de qualquer outra coisa, uma descoberta sobre acreditar e saber aproveitar tudo.
Que bom que Quem quer ser um milionário? ganhou o Oscar. Um Oscar à vida! Um Oscar à excitação, à ansiedade, à emoção que é assistir a este filme.
Comovente, envolvente, intrigante, inteligente! Sinto ainda minhas mãos apertando os braços da poltrona do cinema. Sinto ainda meu coração bater forte a cada pergunta respondida por Jamal (o protagonista do filme) durante o programa de televisão "Who wants to be a millionarie?".
Valeu muito a a pena ir ao cinema ontem.

Monday, March 23, 2009

Meu tempo íntimo


Hoje é 23 de março. O ano começou ontem e hoje os supermercados já exibem seus tetos de ovos de páscoa. O tempo está passando muito rápido. Não há tempo para pensar, precisamos agir. A todo instante somos cobrados. O mundo deseja, grita desesperadamente por ação.
E nesse tempo maluco, que parece correr, é difícil enxergar certos fatos e ser imparcial. É difícil não sentir raiva de certas pessoas, é difícil não ter vertigem após ver o que não se quer ver ou sentir o que não se quer sentir. É curioso como o tempo, todo ocupado em passar rápido, ainda arruma tempo para fazer surpresas!
Decidi há alguns dias que vou escrever. Quero escrever sobre as coisas pequenas, as coisas simples que significam algo para mim. Quero escrever sobre os meus sentimentos desordenados. Talvez eu organize uma publicação.
Escrever um livro de sentimentos e coisas simples torna-se agora um desafio e um desejo meu. Tentarei deixar de lado a minha insegurança quanto a minha qualidade literária e também o meu jeito bagunçado de escrever e guardar meus escritos. Veremos no que isso vai dar, ou melhor, deixemos este projeto nas mãos do Senhor Tempo.
"Tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido..."

Saturday, March 14, 2009

Dia da Poesia

Como hoje é dia da Poesia, eu deixo aqui alguns versos dos quais gosto muito...

Motivo
(Cecília Meireles)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias,
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço.
- não sei, não sei. Não se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.



Wednesday, March 11, 2009

Feelings

Dedicado a Genilda Azeredo

Após meses mergulhando no universo de Jane Austen através do romance Orgulho e Preconceito, finalmente o trabalho está concluído. Foram longas páginas a serem lidas e em cada uma delas estiveram presentes os mais diversos sentimentos. Amor, paixão, respeito, admiração, orgulho e preconceito... Sentimentos que são atuais e que, verdadeiramente, estão intrínsecos ao nosso ser.
Com o término das discussões acerca do romance, ficaram as perguntas soltas no ar: "O que é amor?","O que é casamento?"... Todos tentamos responder perguntas como essas ao longo de nossa curta existência. Às vezes, vivemos um amor, um casamento, um desejo e nem sequer nos damos conta de que era amor, era desejo.
Como foi dito ontem durante os seminários: "não há amor sem admiração". Mas será que amamos todas as pessoas que dizemos admirar? Será que admiramos todas as pessoas que dizemos amar? É tudo tão incoerente. Os sentimentos são incoerentes. Um parece querer passar por cima do outro. Sentimentos se misturam de forma a impedir que identifiquemos cada um em seu individual.
Mas para tudo deve haver um equilíbrio. Essa é uma das lições que tirei da obra de Jane Austen. Equilíbrio! Precisei dele até mesmo para fazer o trabalho escrito, pois para mim, lidar com sentimentos é uma tarefa árdua! Para mim, refletir sobre palavras, olhares, gestos tão enigmáticos e tão carregados de significado é algo extremamente complexo.
Sinto que aprendi muito e que a oportunidade de falar sobre sentimentos, a partir de um texto antigo que se faz contemporâneo, foi crucial. Posso agora afirmar o desejo de "agir da maneira que, em minha opinião, constituirá minha felicidade". Posso dizer que ofensas só podem ser perdoadas caso elas não "mortifiquem o nosso próprio orgulho". E acredito que cada linha lida sobre sentimentos é como uma epifania, que nos faz "a partir daquele momento, nunca mais nos reconhecermos".

Citações: AUSTEN, Jane. Pride and Prejudice.


Thursday, February 26, 2009

Sentimentos e linhas incoerentes

Os sentimentos humanos são muito engraçados. É sempre uma grande surpresa o modo como o que hoje é, amanhã pode não ser.
Sentimentos como saudade, desejo, paixão são dos constantes os que mais se fazem inconstantes (ou vice-versa). A saudade dói no peito como uma ferida que nunca cicatriza. Sentir saudades nos faz querer voar e sufocar a dor solitária nos braços dos quais sentimos saudades. Porque um beijo que está longe, um carinho que se banha em outro oceano pode perfeitamente sarar a ferida que a saudade abriu.
Também sentimos saudades do desejo e da paixão. É ruim viver sem esses dois sentimentos. O bom mesmo é tê-los e deles retirar vida. É como desejar ser as cordas do violão que o outro toca. É como apaixonar-se por um único beijo e desejar uma única noite em que o ato completo será consumado.
Mas o engraçado é não compreender muito bem o que se deseja. Não saber o que de fato lhe causa paixão. Sobre a saudade... Não há dúvidas....
Hoje estão a saudade, a paixão e o desejo como causadores de um barulho que vem lá do fundo do coração. Amanhã pode ser que novos sentimentos apareçam, pois, às vezes, muitas coisas acontecem in a little while.

Sunday, February 22, 2009

PS: O trecho que não deve ser esquecido


Alguns filmes sempre impressionam a quem é amante do cinema. Talvez a emoção venha do estado de espírito, dos sentimentos nossos que coincidem com aqueles expostos na tela. É como assistir PS: I love you em uma noite fria quando seu coração está transbordando de saudade e paixão.
O filme de 2007, dirigido por Richard LaGravenese e estrelado por Hilary Swank e Gerard Butler conta uma história de amor que poucos acreditam que possa acontecer na vida real. Um homem apaixonado faz do seu último ato de amor o mais inesquecível e especial de todos. Uma mulher cujo coração está em pedaços devido à morte de seu jovem marido recebe a maior prova de amor que ele poderia lhe dar.
O filme mostra, em palavras semelhantes às que foram utilizadas pela protagonista, que a vida é a coisa mais interminavelmente curta. É interminável pela dor que sentimos e é curta porque precisamos dizer adeus a quem mais amamos na vida.
Lágrimas escorrem pelo rosto de quem assiste ao filme para acompanhar as lágrimas de uma mulher de trinta anos que, provavelmente, vê-se diante da morte pela primeira vez. A morte como negação da vida. A morte como uma faca que corta a vida arrancando o que mais nos traz vida: o amor. As lágrimas realmente escorrem por causa de cartas que foram escritas para serem o mais nobre ato de amor. As linhas deixadas por um marido apaixonado, cuja vida fora interrompida por um tumor no cérebro, são para fazer com que uma jovem viúva supere a dor de perder seu amor para a mais invisível e temida adversária: a Sra. Morte. Mas são também para nos fazer esperar o carteiro com a esperança de que cartas de amor também sejam enviadas ao endereço de nosso coração. Eu já me sinto satisfeito com e-mails especialmente escritos a mim...
E como num piscar de olhos, quando você acha que o conteúdo das cartas acabou: "PS: I love you!". É aí que está o trecho mais importante de cada carta. Vem daí aquela vontade de abraçar quem você gosta e fazer com que as palavras deixadas para o post scriptum se tornem o trecho do qual não devemos esquecer jamais.

E eu quase esqueço...
Ps: I miss you!

Wednesday, February 18, 2009

Linhas minhas de um sentimento que vem de longe

Porque ouvir sua voz me fez suspirar... A melodia de suas palavras, os beijos ditos, o carinho. Também sua imagem através da câmera, seu sorriso e o brilho de seus olhos azuis. Porque há dias eu desejava isso e, enfim, aconteceu. Por alguns minutos senti que estavamos juntos, perto um do outro. Bondosa internet, cruel saudade...
Porque o som de cada palavra vai permanecer nos meus ouvidos.

Tuesday, February 17, 2009

Recado para você: à espera da tecla SAP

Uma vontade de estar em outro lugar... Uma saudade apertando o coração que está batendo forte. Tenho sonhado muito e você tem estado em meus sonhos. Você tem habitado meus pensamentos quase que todo instante. E em qualquer digressão mental, meu pensamento voa até você. Voa sem avião, sem visto... Voa apenas com a razão de que você é especial e sacudiu meus sentimentos mais íntimos. Adoro ler suas linhas e imaginar o tom de sua voz ao dizer tais palavras. Adoro fechar os olhos e fingir que estamos juntos. Adoro também quando não preciso nem fechar os olhos para me imaginar ao seu lado. Ainda sinto vivo o gosto do beijo, o cheiro de sua pele, o calor de seu corpo e suas mãos aquecendo as minhas. Sinto viva a sua respiração na minha nuca. Tudo isso porque "... the smell of your skin lingers on me now...". Talvez agora você esteja dormindo, ainda é cedo por aí... Estarei eu nos seus sonhos?

Friday, February 13, 2009

O que é meu

Quando as coisas não estão indo tão bem quanto você esperava. Talvez seja aquela sensação de não pertencer a um lugar, a uma atividade, a alguém... É como estar em um lugar querendo estar em outro quilômetros mais distante.
Minha cabeça dói um pouco. Meu corpo também está meio cansado. Foi preciso uma barra de cereal para não perder os sentidos... Exausto! Vem, então, aquela vontade louca de jogar tudo para o alto, gritar palavrões e entregar uma tarefa que todo mundo sabe que não é sua. Tantas vozes, tanto barulho, tanto desrespeito. Questiono minha profissão e como consequência, questiono meu lugar no mundo.
Hoje eu estou me sentindo vazio. Desejo algo que não está disponível nas prateleiras do supermercado da esquina. Desejo algo que não é fácil, não é simples, não é definido em palavras científicas. Sinto saudades e suspiro por minhas saudades, por minhas lembranças de momentos que significaram uma vida inteira. Sonho à noite, acordo molhado... O corpo parece que vai derreter de tanto suor. Acordado, o corpo está em desequilíbrio.
Queria algo verdadeiro para me apegar. Uma sustentação para os meus dias tontos. Uma direção a seguir... A target to aim in...
Por que é tão complicado, confuso? Dizem para simplificar, dizem para não reclamar. Muito se diz, mas pouco se sente. Tudo é muito subjetivo, individual e meu! Pego de empréstimo, portanto, as palavras de Maysa: "Se meu mundo caiu, eu que aprenda a levantar".

Tuesday, February 10, 2009

Recipe

Take everything that was good.
Then, keep it on your mind.
Be sure that your heart will keep it too.
Remember the good things whenever you need.
Forget the sorrow, the pain, the tears...
Try to make the end a new way of beginning.
And the most important:
Take all the feelings that make you feel beautiful, warm and delighted as the sweetest souvenirs.

Friday, February 06, 2009

Saudade


Saudade é uma palavra bonita e única da língua portuguesa. Dá nome a um sentimento que, por muitas vezes, é vazio e arde no peito. Tudo o que sinto neste momento é saudade. Uma saudade que maltrata, que faz as imagens passarem como em um filme construído da forma mais cuidadosa para se fazer sentir saudade. Dizem por aí que "tudo o que é bom dura pouco", mas por que tão pouco? Por que tudo o que você mais desejava, há tempos, vem e dura tão pouco?
Por outro lado, as mudanças e as marcas deixadas não são poucas. Fica também aquela dúvida: "quando nos encontraremos de novo?". Fica o desejo de que o reencontro não demore tanto. Ansiedade... Guardadas estão as melhores lembranças (enfim a curta duração revela suas vantagens: não houve tempo para lembranças ruins!). Todas as lembranças são as melhores e só dói lembrar daquele abraço apertado de despedida, num saguão quase vazio e com um portão de embarque ao fundo. Fica guardado o toque, o gosto do beijo, o cheiro... Fica tudo gravado numa pele, numa memória e num coração que há muito não sentia batidas tão harmoniosas. Com os olhos ardendo, com a boca ressecada, com as mãos frias e com um corpo em desequilíbrio, tudo o que sinto é saudade.

Sunday, February 01, 2009

Erupção de vida

É muito engraçado como a vida nos surpreende a cada dia. Tantas coisas acontecem no mundo para que um simples movimento seja feito... Tantas coisas precisam acontecer para que um simples desejo vire realidade. Chego a pensar que viver é estar em um fulcão em constante erupção.
Esses dias têm sido mágicos, surpreendentes e determinantes para que certas coisas mudem para sempre em minha vida. São ondas que vêm do Pacífico e me envolvem... Ondas que esquentam o meu corpo frio. Um banho de vida, de desejo, de sentir-se desejado. É também, de um outro lado, um passado que num piscar de olhos se transforma em um presente tão rápido quanto a luz. Tão rápido que não há tempo para pensar. Mas enfim, sinto que estou envelhecendo, o passado já existe e já está voltando para cobrar o presente. Pode ser que o passado esteja agora encerrado e guardado junto com uma boa recordação, ou, pode ser que ele ainda volte um dia. Alguém do passado, não se preocupe, tudo acontece como tem que ser. Há agora um segredo entre nós.
Pensar no passado por um instante me fez esquecer que meu California Dream está indo embora... Mas eu já sabia que seria assim. A vida dá com uma mão e tira com a outra. Tudo tem que voltar ao seu rumo. As águas do rio da vida precisam correr por estreitos canais que, às vezes, são repletos de pedras. Guardo você no coração, na mente, no corpo... I'll take everything as one of the sweetest memories.
Amanhã a vida voltará ao normal, mas não será mais a mesma coisa. Há coisas que acontecem em um segundo e mudam tudo para sempre. O adeus é difícil, mas é necessário para que a vida siga seu rumo e, com sorte, nossos destinos se cruzarão muitas outras vezes e nos colocará frente a frente. Só Deus sabe quando nos veremos de novo, mas guardarei aquecida a lembrança de maravilhosos dias em que minhas mãos estiveram aquecidas. As you said: "Cold hands, warm heart".
O que eu posso dizer para encerrar este texto é: "Estou vivo! Sinto isto! A despeito de dores, de angústias, de dificuldades... Quero viver, preciso viver. Espero que a vida me traga sempre essas surpresas dos lugares mais inesperados. Vou tentar não esperar tanto, vou tentar não reclamar tanto".

Wednesday, January 28, 2009

California Dream

Boas energias e sensações vêm de longe e trazem brilho, cor, alegria a dias que antes estavam mornos. É rápido, eu sei, uma semana apenas (ou até menos que isso), mas tem importância para mim. Espero não haver um grande lado negativo, espero que tudo transcorra sem frustrações, dores ou mais imagens em preto e branco.
Tudo isso me faz querer mergulhar em águas do Pacífico...

Sunday, January 25, 2009

Um desabafo

Os últimos dias não têm sido muito agradáveis. Sinto-me desmotivado, como se tudo tivesse parado no ar ou como se não houvesse em mim a flexibilidade para acompanhar o movimento do mundo. A cabeça não está muito boa para pensar e produzir as coisas que preciso produzir. Há vinte dias tento me concentrar em um artigo que preciso escrever, mas até agora tenho apenas as duas primeiras páginas. A verdade é que eu não sei bem se quero discutir o assunto proposto. Minha mente está em desordem. Sentimentos e a falta de sentimentos tiram meu equilibrio e meu corpo parece não vencer a gravidade. Como discutir uma teoria se minha íntima teoria está desordenada?
Não acho as palavras, não tenho insights. Sinto sono quando vejo os papéis e, até mesmo quando me decido a produzir, meu corpo parece querer desistir. É isso! Acho que estou querendo desistir. E esse sentimento tem muito mais a ver com a Literatura que com a exatidão abstrata da Linguística. Desistir, a imagem de alguém desistindo me parece poesia. A forma como me sinto, a forma como minhas sensações se encontram me parece poesia.
É incômodo saber que preciso fazer algo que no meu íntimo não queria, ou que pelo menos não me sinto em condições ideais para fazer.

Sunday, January 18, 2009

Sobre o não dizer

Algumas situações têm me feito pensar sobre como certas palavras não ditas pesam em nossa boca. Timidez, falta de coragem... São diversos os motivos que por vezes impedem que as palavras saiam. Isso maltrata quem quer falar e, às vezes, frustra quem quer ouvir.
Um outro agravante para o não dizer é o medo da reação de quem vai ouvir. É difícil lidar com a rejeição, pior ainda quando se trata de ter as suas palavras tão preciosas rejeitadas e negadas por um seco e curto não. Mas o que fazer com as falas cuidadosamente pensadas e medidas por nossas mentes? Os sons querendo sair, mas os lábios fechados como se ali existisse uma camada de velcro. Angustiante a sensação de querer dizer e não conseguir.
Algumas pessoas bebem para se encher de coragem, eu também beberia se não tivesse que dirigir... Mas em certos momentos é tão fácil falar. Acho que também depende de quem vai ouvir. O previsível torna-se um campo seguro para as palavras caminharem. Entretanto, não podemos nos esquecer das surpresas do previsível.
Termino com um desejo e um pedido. Desejo conseguir dizer sempre, da melhor maneira, da mais polida e clara maneira dizer o que meus sentimentos produzem. E peço que tudo seja dito, pois as palavras não ditas podem nos ferir eternamente.

Sunday, January 04, 2009

Paradoxo Íntimo

Tenho andado meio inundado em meus próprios paradoxos. São basicamente sentimentos que insistem em se misturar e confundir minhas opiniões, meus desejos. Todos esses paradoxos sentimentais são meus e, às vezes, não sei como expressá-los. Sei apenas que não dá para ter tudo e, como a vida é feita de escolhas, só metade das construções paradoxais consegue ser vivida.
Acredito que estou meio "Álvares de Azevedo". Assim como ele, estou assumindo duas faces: Ariel e Caliban. O meu Ariel busca a tranquilidade, as coisas amenas. Mas meu Caliban só quer saber de fogo, do mais tórrido desejo.
Por fim, tudo está misturado. É tudo confusão como um anjo que não sabe se preserva a luz da paz ou se peca entregando-se aos desejos da carne.