Monday, March 23, 2009

Meu tempo íntimo


Hoje é 23 de março. O ano começou ontem e hoje os supermercados já exibem seus tetos de ovos de páscoa. O tempo está passando muito rápido. Não há tempo para pensar, precisamos agir. A todo instante somos cobrados. O mundo deseja, grita desesperadamente por ação.
E nesse tempo maluco, que parece correr, é difícil enxergar certos fatos e ser imparcial. É difícil não sentir raiva de certas pessoas, é difícil não ter vertigem após ver o que não se quer ver ou sentir o que não se quer sentir. É curioso como o tempo, todo ocupado em passar rápido, ainda arruma tempo para fazer surpresas!
Decidi há alguns dias que vou escrever. Quero escrever sobre as coisas pequenas, as coisas simples que significam algo para mim. Quero escrever sobre os meus sentimentos desordenados. Talvez eu organize uma publicação.
Escrever um livro de sentimentos e coisas simples torna-se agora um desafio e um desejo meu. Tentarei deixar de lado a minha insegurança quanto a minha qualidade literária e também o meu jeito bagunçado de escrever e guardar meus escritos. Veremos no que isso vai dar, ou melhor, deixemos este projeto nas mãos do Senhor Tempo.
"Tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido..."

Saturday, March 14, 2009

Dia da Poesia

Como hoje é dia da Poesia, eu deixo aqui alguns versos dos quais gosto muito...

Motivo
(Cecília Meireles)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias,
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço.
- não sei, não sei. Não se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.



Wednesday, March 11, 2009

Feelings

Dedicado a Genilda Azeredo

Após meses mergulhando no universo de Jane Austen através do romance Orgulho e Preconceito, finalmente o trabalho está concluído. Foram longas páginas a serem lidas e em cada uma delas estiveram presentes os mais diversos sentimentos. Amor, paixão, respeito, admiração, orgulho e preconceito... Sentimentos que são atuais e que, verdadeiramente, estão intrínsecos ao nosso ser.
Com o término das discussões acerca do romance, ficaram as perguntas soltas no ar: "O que é amor?","O que é casamento?"... Todos tentamos responder perguntas como essas ao longo de nossa curta existência. Às vezes, vivemos um amor, um casamento, um desejo e nem sequer nos damos conta de que era amor, era desejo.
Como foi dito ontem durante os seminários: "não há amor sem admiração". Mas será que amamos todas as pessoas que dizemos admirar? Será que admiramos todas as pessoas que dizemos amar? É tudo tão incoerente. Os sentimentos são incoerentes. Um parece querer passar por cima do outro. Sentimentos se misturam de forma a impedir que identifiquemos cada um em seu individual.
Mas para tudo deve haver um equilíbrio. Essa é uma das lições que tirei da obra de Jane Austen. Equilíbrio! Precisei dele até mesmo para fazer o trabalho escrito, pois para mim, lidar com sentimentos é uma tarefa árdua! Para mim, refletir sobre palavras, olhares, gestos tão enigmáticos e tão carregados de significado é algo extremamente complexo.
Sinto que aprendi muito e que a oportunidade de falar sobre sentimentos, a partir de um texto antigo que se faz contemporâneo, foi crucial. Posso agora afirmar o desejo de "agir da maneira que, em minha opinião, constituirá minha felicidade". Posso dizer que ofensas só podem ser perdoadas caso elas não "mortifiquem o nosso próprio orgulho". E acredito que cada linha lida sobre sentimentos é como uma epifania, que nos faz "a partir daquele momento, nunca mais nos reconhecermos".

Citações: AUSTEN, Jane. Pride and Prejudice.