Sunday, August 30, 2009

Facing The Hours

Há sempre aqueles dias em que sua mente não querer parar. Ela trabalha, pensa, tira seu sono. E você pensa. Pensa mais que aposentado, como disse Letícia. São planos que você insiste em fazer e, pelas incertezas, você começa a ser atormentado. São fatos que vêm acompanhados pela certeza e você percebe que um turbilhão de coisas está para acontecer. Um rio em seu curso, muita água correndo... A vida, nessas horas, parece uma correnteza que vai levando e trazendo coisas, sentimentos, desejos diferentes. Pensar em trabalho, no salário, nas contas... Pensar que, às vezes é muito mês para pouco salário. Perder a noite de sono enquanto a mente trabalha querendo inferir se você poderá ou não executar aquele plano lindo (que já se transformou em sonho na sua mente).
Nós sempre pensamos, uns mais que os outros. Uns não se dão conta de que pensam; outros, fazem do pensamento a insônia da noite que antecede um dia de trabalho. E entre um pensar e outro, o rio vai seguindo o seu curso.

Friday, August 21, 2009

Mais uma vez sobre amor e saudade

Tenho duas opções para começar este texto: pelo começo ou pelo fim. Mas qual é a maneira mais justa, mais adequada para este momento? Foi tudo vivido tão intensamente em um curto espaço de tempo. Treze dias para ser mais exato. Talvez fosse até justo escrever um texto em treze parágrafos. Um para cada dia. Mas eu não vou optar por números pré-definidos, nem muito menos por começo ou fim. Escolho começar pelo meio...
Ainda sinto, de verdade, a delicadeza de suas mãos tocando o meu corpo durante a noite, num toque que marcava a sua presença tão forte nas noites passadas. Sinto o seu cheiro e o gosto dos seus lábios após as dúzias de cappuccino tomados naqueles dias. Sinto a sua presença tão forte, tão marcante. Sinto ainda aquela sensação maravilhosa de saber que dormiria e que teria você ao meu lado até a manhã seguinte. E que a manhã seguinte seria sucedida por uma tarde que, por sua vez, traria em seu fim uma nova noite na qual dormiríamos mais uma vez e eu sentiria seu corpo colado ao meu.
Ouço ainda as palavras experimentadas, com gosto de fruta recém colhida. Palavras que tentava introduzir ao seu vocabulário. E ouço, sem dúvidas, seus pedidos de ajuda, demonstrando que as poucas palavras aprendidas não eram suficientes para sua comunicação plena e fluente. Mas eu estava ali e você sabia que estava todo para você. E por ter estado ali, eu ouço também seus pedidos de beijo e os estalos de nossos beijos...
Parece até que estou vendo o seu olhar, muitas vezes tão enigmático para mim, me pedindo para esperar. Seu olhar me perguntando o que eu queria, ou no que eu estava pensando quando já tomado pelo cansaço tinha preguiça de falar a sua língua. Vejo seu olhar silencioso e imagino que você via meus olhos movendo-se inquietos buscando gravar cada momento na película da lembrança. Vejo o filme inteiro agora.
Sinto o cheiro das brincadeiras e das conversas sérias denunciando que o aroma de nossos treze dias foi diferente. Foi mais intenso, mas também mais calmo. Cheiro minhas mãos e sinto seu cheiro que insiste em não querer sair delas (e eu não quero que saia!). Não quero que fuja nada dos momentos que passamos juntos. Não quero que fuja a longa caminhada, nem a excitação de ter você ao meu lado. Não quero que fuja a lembraça do pôr-do-sol mais lindo de todos. Nunca estive tão feliz na hora do sunset.
Eu sei que poderia escrever muitas outras linhas, mas as guardo como meus íntimos souvenirs. Assim como guardo o seu silêncio no caminho de volta para casa e a imagem do seu olhar, que você não me deixou ver, enquanto você cruzava o portão B. Só não posso mais guardar as lágrimas que derramei quando vi que você tinha sumido através do portão B. Elas escorreram pelo saguão e ficaram na memória de quem via alguém que sentia, mais uma vez, a dor da despedida e a chegada da saudade anunciando mais uma temporada de espera por você.
Mas não quero terminar o texto em lágrimas, não seria justo. Foram treze dias imensamente felizes. Com a saudade, os dias ensinam a lidar. Nenhum lugar é tão distante e existe a tecnologia, que embora não seja a mesma coisa, até ajuda a acalmar a saudade, palavra da minha língua que eu espero ter lhe ensinado a sentir.

Saturday, August 01, 2009

Como água

Eu ainda lembro daquele menino de cueca brincando no chão da sala. Um saco de brinquedos embrulhados em sonhos. Havia lugar para todo tipo de brincadeira. O dia corria suave através daquelas brincadeiras perfeitas.
Era um menino que não precisava de outros para brincar, para se sentir feliz. Tardes inteiras, pedaços de noites e fins de semana eram preenchidos por peças e mais peças de brinquedos espalhados pelo chão... Fora o tapete! "Mãe, ela colocou o tapete de novo!", e Mãe dizia: "Tire, meu filho, e vá brincar!". E o menino tirava suas fardas de estudante dedicado e rendia-se à bagunça que só ele entendia.
Mesmo quando o fim da tarde chegava, a hora do banho, a brincadeira não acabava. Era transferida do beco, cenário para todas as brincadeiras reais e também para as roteirizadas, para o banheiro, onde seu gosto pelo canto se fazia presente. Ele sempre cantou muito!!! Da porta para dentro era tudo canção. Da porta para fora: "Menino, desligue esse chuveiro!".
Foi entre uma brincadeira e outra; entre uma canção e outra, que o menino cresceu. Abandonou o hábito de ficar de cueca pela casa. Foi descobrindo o corpo que resolveu se cobrir. Não brinca mais (será mesmo?) nem tem muito tempo para cantar no chuveiro. Alguns dos sonhos que embrulhavam brinquedos se perderam pelo caminho dos anos e nem mesmo ele sabe onde encontrá-los de novo. O tempo passou. Sempre passa! O menino se fez homem e a vida segue em seu ritmo de correnteza.