De Aluizio Abranches, o filme "Do começo ao fim" não tem efeitos especiais, nem nenhum detalhe que o torne uma mega-produção de cinema, mas toca, de uma forma suave, em duas "polêmicas": homossexualismo e incesto.
As polêmicas em torno do filme despertaram meu interesse e, após muito procurar na internet, consegui vê-lo. A dificuldade de achar o filme deve-se, certamente, às polêmicas. Não sei se algum dia a película foi exibida em salas de cinema, mas é claro que aqui em João Pessoa nunca houve sequer um cartaz dando nota sobre o filme.
Mas, de volta às polêmicas, me pergunto em que ponto uma polêmica deixa de ser assim caracterizada para dar lugar a um sentimento tão sublime como o amor. Muito embora não possamos retirar do filme a ideia de que todo amor é para sempre, a promessa de Francisco a Tomás nos dá algo de legítimo. "Uma coisa verdadeira e sumarenta", nas palavras de Clarice Lispector, que transborda pelas cenas do filme me faz querer aplaudir com as palmas da vida o trabalho de Aluizio Abranches por nos fazer desejar o amor.
Não nego, porém, que a ideia do incesto (no caso do filme, um amor entre meio-irmãos) ainda me causa um certo espanto. Ou melhor, causava! O filme não transforma o grau de parentesco, nem tão pouco o fato de dois belos homens serem homossexuais, motivo de preconceitos ou de dilemas existenciais. Os pais dos garotos Francisco (João Gabriel Vasconcellos) e Tómas (Rafael Cardoso) não pensam em levá-los a tratamentos psicológicos, ao contrário, é na atitude de Alexandre (de Fábio Assunção) que nós percebemos que deve haver esperança de que o mundo não esteja mais tão cheio de pessoas preconceituosas contra o amor.
O filme ainda aborda a delicada entrada de dois meninos "nas coisas da vida", nas palavras de Julieta, mãe dos garotos. Ela, Julieta, ícone de uma das mais belas histórias de amor já escritas, surge como coadjuvante, mas na suave, bela e tênue interpretação da grande Julia Lemmertz, se transforma em um exemplo de mãe. Uma mãe que ouve as notícias da saída de Collor da Presidência, ama seu marido frente ao espelho, e convive com o amor "íntimo demais" de seus dois filhos.
"Do começo ao fim" é, sem dúvida, uma grande obra. Envolto por uma trilha instrumental marcante, forte e sedutora, o filme passa esperança, mostra a possibilidade de se buscar a felicidade e o amor em suas diversas formas, desde que sejam essas formas as mais legítimas possíveis. E que bom! Que bom mesmo que o filme não cai nos lugares-comuns de tantos filmes do gênero.
Eu recomendo o filme, do começo ao fim!
As polêmicas em torno do filme despertaram meu interesse e, após muito procurar na internet, consegui vê-lo. A dificuldade de achar o filme deve-se, certamente, às polêmicas. Não sei se algum dia a película foi exibida em salas de cinema, mas é claro que aqui em João Pessoa nunca houve sequer um cartaz dando nota sobre o filme.
Mas, de volta às polêmicas, me pergunto em que ponto uma polêmica deixa de ser assim caracterizada para dar lugar a um sentimento tão sublime como o amor. Muito embora não possamos retirar do filme a ideia de que todo amor é para sempre, a promessa de Francisco a Tomás nos dá algo de legítimo. "Uma coisa verdadeira e sumarenta", nas palavras de Clarice Lispector, que transborda pelas cenas do filme me faz querer aplaudir com as palmas da vida o trabalho de Aluizio Abranches por nos fazer desejar o amor.
Não nego, porém, que a ideia do incesto (no caso do filme, um amor entre meio-irmãos) ainda me causa um certo espanto. Ou melhor, causava! O filme não transforma o grau de parentesco, nem tão pouco o fato de dois belos homens serem homossexuais, motivo de preconceitos ou de dilemas existenciais. Os pais dos garotos Francisco (João Gabriel Vasconcellos) e Tómas (Rafael Cardoso) não pensam em levá-los a tratamentos psicológicos, ao contrário, é na atitude de Alexandre (de Fábio Assunção) que nós percebemos que deve haver esperança de que o mundo não esteja mais tão cheio de pessoas preconceituosas contra o amor.
O filme ainda aborda a delicada entrada de dois meninos "nas coisas da vida", nas palavras de Julieta, mãe dos garotos. Ela, Julieta, ícone de uma das mais belas histórias de amor já escritas, surge como coadjuvante, mas na suave, bela e tênue interpretação da grande Julia Lemmertz, se transforma em um exemplo de mãe. Uma mãe que ouve as notícias da saída de Collor da Presidência, ama seu marido frente ao espelho, e convive com o amor "íntimo demais" de seus dois filhos.
"Do começo ao fim" é, sem dúvida, uma grande obra. Envolto por uma trilha instrumental marcante, forte e sedutora, o filme passa esperança, mostra a possibilidade de se buscar a felicidade e o amor em suas diversas formas, desde que sejam essas formas as mais legítimas possíveis. E que bom! Que bom mesmo que o filme não cai nos lugares-comuns de tantos filmes do gênero.
Eu recomendo o filme, do começo ao fim!