Thursday, April 30, 2009

Lá de longe

Há dias tenho andado distante. A distância que separa os sonhos da realidade. A distância que separa os planos de tudo que neste momento é concreto. A distância que separa carinhos, um beijo e uma sonhada noite de amor.
E também é a distância que machuca e desespera a mente de quem percebe o tempo passando, mas, ainda assim, sente como se os próximos atos da grande peça chamada vida estivessem muito longe de acontecer. Às vezes, a pesquisa atual parece estar muito distante dos projetos futuros. E sempre os projetos futuros parecem mais interessantes. Acredito que a distância, nesses casos, cria expectativa e guarda sempre a possibilidade de um dia mais feliz.
É lá de longe que eu ouço a voz que eu queria que falasse agora ao meu ouvido. É lá de longe que eu vejo as fotos de lugares onde eu desejaria estar (e sempre são bem distantes). É lá de longe que eu sinto o futuro bater a porta (um pseudo longe, já que o futuro está logo ali).
A vida é um túnel. Para alguns não há tempo de haver nada distante. Para outros, tudo está muito longe. O remédio? O equilíbrio? A verdade é que só o tempo pode curar e equilibrar os desejos ardentes de mentes sem ritmo. Mais que isso, o tempo, se Deus quiser, tratará para perto e concederá o status de seu a todos os desejos que vêm de longe.
Mas se fosse para escolher... Eu queria estar longe.

Sunday, April 19, 2009

Relações dialógicas

Quando os outros falam é bem difícil acreditar que as coisas pequenas são mais significativas. Parece um conceito abstrato que você não sente e, portanto, não acredita. Mas ao sentir que uma coisa pequena lhe fere você começa a acreditar...
É ao mesmo tempo engraçado pensar que uma simples linha, ou uma simples frase dita, pode mudar tudo. Pequenas cinco palavras, ou melhor, uma só palavra pode ferir, magoar e decepcionar. Somos muito frágeis frente ao discurso? Seria o discurso algo imóvel que bloqueia nossas ações? Às vezes, algumas palavras ditas não têm a intenção de machucar, mas tomam esse caminho involuntariamente. Não há discurso de um só. Até mesmo para um monólogo há sempre um ouvinte implícito. Como num jogo de pingue-pongue, a palavra é a bolinha que vai para lá e para cá. Os interlocutores são os jogadores; a voz, as raquetes.
A questão parece ser mesmo a forma como as palavras chegarão ao outro, no que tocarão. Se há sempre um ouvinte, deveria haver sempre um filtro entre os interlocutores para impedir que certas palavras capazes de ferir passassem. Mas agora, já não são as pequenas coisas abstratas, nem mesmo o tal filtro. O tal filtro simplesmente não existe.

Thursday, April 02, 2009

Ele apenas sabia as respostas



É sem dúvida um daqueles filmes que tiram o fôlego e causam ansiedade e excitação. Quem quer ser um milionário? Talvez a pergunta seja "quem não quer ser um milionário?". Afinal, no mundo em que vivemos é cada vez mais difícil tirar o sustento e levar uma vida mais confortável e sem muitas preocupações.
Mas o filme vencedor do Oscar 2009 é muito mais que isso. Não é apenas a luta nossa de cada dia, não é apenas o desejo de uma vida melhor. É um banho de vida - ou um milhão de vida, se soar melhor - em um filme que aparentemente não tem história. Em um flashback eletrizante é possível enxergar muito sobre amor, sobre força, sobre amizade e companheirismo numa intensidade que parece nem mais existir. É, acima de qualquer outra coisa, uma descoberta sobre acreditar e saber aproveitar tudo.
Que bom que Quem quer ser um milionário? ganhou o Oscar. Um Oscar à vida! Um Oscar à excitação, à ansiedade, à emoção que é assistir a este filme.
Comovente, envolvente, intrigante, inteligente! Sinto ainda minhas mãos apertando os braços da poltrona do cinema. Sinto ainda meu coração bater forte a cada pergunta respondida por Jamal (o protagonista do filme) durante o programa de televisão "Who wants to be a millionarie?".
Valeu muito a a pena ir ao cinema ontem.