Sunday, April 19, 2009

Relações dialógicas

Quando os outros falam é bem difícil acreditar que as coisas pequenas são mais significativas. Parece um conceito abstrato que você não sente e, portanto, não acredita. Mas ao sentir que uma coisa pequena lhe fere você começa a acreditar...
É ao mesmo tempo engraçado pensar que uma simples linha, ou uma simples frase dita, pode mudar tudo. Pequenas cinco palavras, ou melhor, uma só palavra pode ferir, magoar e decepcionar. Somos muito frágeis frente ao discurso? Seria o discurso algo imóvel que bloqueia nossas ações? Às vezes, algumas palavras ditas não têm a intenção de machucar, mas tomam esse caminho involuntariamente. Não há discurso de um só. Até mesmo para um monólogo há sempre um ouvinte implícito. Como num jogo de pingue-pongue, a palavra é a bolinha que vai para lá e para cá. Os interlocutores são os jogadores; a voz, as raquetes.
A questão parece ser mesmo a forma como as palavras chegarão ao outro, no que tocarão. Se há sempre um ouvinte, deveria haver sempre um filtro entre os interlocutores para impedir que certas palavras capazes de ferir passassem. Mas agora, já não são as pequenas coisas abstratas, nem mesmo o tal filtro. O tal filtro simplesmente não existe.

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