Wednesday, December 10, 2008

Dia melódico

Dedicado a Áurea (pelo bilhete)


Hoje vivi um dia muito agradável. A chuva parece ter contido o calor que vinha maltratando os dias de todos. Sinto-me repleto de um sentimento que não sei descrever, mas que me inunda como há tempos não inundava. Apesar de terem batido no meu carro, me sinto bem. Apenas a placa foi amassada, sem maiores problemas, graças aos poderes superiores.

Descobri esses dias a banda Beirut. Gostei muito da mistura que eles fazem entre o folk e ritmos característicos da música do leste Europeu. As músicas são suaves, doces... A melodia faz o corpo ir, caminhar mansamente, e dá vontade de dançar. Para ser sincero, ainda não reparei nas letras, até agora estou preso na melodia.

Foi com a melodia na mente e com o barulho da chuva que eu acordei hoje de manhã. Tinha algo suave no ar, “verdadeiro e sumarento”, utilizando palavras de Clarice Lispector em Amor. Senti como se a vida fosse algo pleno e com muito a oferecer. Que bom acreditar!

Acreditei muito também no trabalho, dei aula pela manhã e à tarde. Não almocei em casa, passei o dia ocupado, mas com um sentimento de satisfação. Talvez seja o fato de que o ano está acabando. Essa coisa de fim de ano mexe muito comigo. Tem para mim um significado muito forte. É um ciclo que termina e anuncia um outro. É a dúvida e a possibilidade de sucesso, surpresa, amor... Que não venham lágrimas, pois no ano que termina eu perdi muito, e perdi algo que nenhum ganho pode cobrir.

Mas o que interessa é o dia de hoje. São algumas opiniões em constante mutação que dão sentido as linhas que escrevo. Ontem só pensava em instinto, e hoje eu queria um abraço. Abraço não é instinto, é o primeiro encontro íntimo de dois corpos, pois põe os corações em contato, ainda que por debaixo da pele. Abraço é pele, mas não é instinto.

O que também mudou foi a sensação térmica. Num relance, o frio passou e o corpo esquentou de novo. Isso é reação química. É paixão. Há pessoas que fazem seu corpo esquentar, enquanto suas mãos esfriam feito gelo. Se fosse para as mãos frias, a desculpa seria o “coitado” do vento, mas e para o calor?...

Está bem! Tudo está bem e espero que continue bem. Quero mais dias como esse (mas sem placa amassada). Quero digressões como as de hoje. Quero abraços... Quero um abraço em especial. E quero abraçar meus dias e fazê-los verdadeiramente meus, como que a dar algo de legítimo a eles. Quero, por fim, aquele sorriso que não sei o que significa, mas que desejo que seja meu.

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