Thursday, July 02, 2009

Labirintos íntimos

O tempo tinha passado, mas lá no fundo do coração ele ainda me deixava inquieto. Pensar nele era como lembrar de coisas que nunca tinha feito. A imagem nítida do sorriso debochado que costumava sair da sua boca grande fazia meu corpo arder. Eu tremia na saudade de algo que não tinha acontecido. Eu pisava uma terra seca. Eu caminhava no deserto das memórias não resolvidas.
Porque também ele tinha pensado. Isso eu sabia. Ele também tinha pensado nos sentimentos que voam pelo ar que respirávamos. Ele tinha pensado em ter coragem para dizer que queria ao menos entender a si mesmo. E um dia, a coragem apareceu. Ele tremeu. Ele resistiu. Mas ele se entregou. E depois, ele sumiu. A coragem se esvaiu.
Não dissemos adeus. Não falamos nada com nada. Mais uma vez aqueles sentimentos estiveram soltos pelo ar. E, agora, ainda é chato lembrar. Uma memória que insiste em se fazer presente. Um gosto de passado pela metade. Amargo gosto de passado pela metade. Ele deveria estar aqui. Ele deveria ter tido coragem. Mas o fraco foi ele, não eu. Ou será que a fraqueza foi minha também? Agi errado?
Hoje não encontro respostas. Não encontro o sorriso gigante. Não encontro um caminho de grama que me leve àquele ato passado, que foi presente e que busca futuro. Não o encontro e me perco na inquietude desses sentimentos que permanecem guardados em mim.

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