Friday, August 21, 2009

Mais uma vez sobre amor e saudade

Tenho duas opções para começar este texto: pelo começo ou pelo fim. Mas qual é a maneira mais justa, mais adequada para este momento? Foi tudo vivido tão intensamente em um curto espaço de tempo. Treze dias para ser mais exato. Talvez fosse até justo escrever um texto em treze parágrafos. Um para cada dia. Mas eu não vou optar por números pré-definidos, nem muito menos por começo ou fim. Escolho começar pelo meio...
Ainda sinto, de verdade, a delicadeza de suas mãos tocando o meu corpo durante a noite, num toque que marcava a sua presença tão forte nas noites passadas. Sinto o seu cheiro e o gosto dos seus lábios após as dúzias de cappuccino tomados naqueles dias. Sinto a sua presença tão forte, tão marcante. Sinto ainda aquela sensação maravilhosa de saber que dormiria e que teria você ao meu lado até a manhã seguinte. E que a manhã seguinte seria sucedida por uma tarde que, por sua vez, traria em seu fim uma nova noite na qual dormiríamos mais uma vez e eu sentiria seu corpo colado ao meu.
Ouço ainda as palavras experimentadas, com gosto de fruta recém colhida. Palavras que tentava introduzir ao seu vocabulário. E ouço, sem dúvidas, seus pedidos de ajuda, demonstrando que as poucas palavras aprendidas não eram suficientes para sua comunicação plena e fluente. Mas eu estava ali e você sabia que estava todo para você. E por ter estado ali, eu ouço também seus pedidos de beijo e os estalos de nossos beijos...
Parece até que estou vendo o seu olhar, muitas vezes tão enigmático para mim, me pedindo para esperar. Seu olhar me perguntando o que eu queria, ou no que eu estava pensando quando já tomado pelo cansaço tinha preguiça de falar a sua língua. Vejo seu olhar silencioso e imagino que você via meus olhos movendo-se inquietos buscando gravar cada momento na película da lembrança. Vejo o filme inteiro agora.
Sinto o cheiro das brincadeiras e das conversas sérias denunciando que o aroma de nossos treze dias foi diferente. Foi mais intenso, mas também mais calmo. Cheiro minhas mãos e sinto seu cheiro que insiste em não querer sair delas (e eu não quero que saia!). Não quero que fuja nada dos momentos que passamos juntos. Não quero que fuja a longa caminhada, nem a excitação de ter você ao meu lado. Não quero que fuja a lembraça do pôr-do-sol mais lindo de todos. Nunca estive tão feliz na hora do sunset.
Eu sei que poderia escrever muitas outras linhas, mas as guardo como meus íntimos souvenirs. Assim como guardo o seu silêncio no caminho de volta para casa e a imagem do seu olhar, que você não me deixou ver, enquanto você cruzava o portão B. Só não posso mais guardar as lágrimas que derramei quando vi que você tinha sumido através do portão B. Elas escorreram pelo saguão e ficaram na memória de quem via alguém que sentia, mais uma vez, a dor da despedida e a chegada da saudade anunciando mais uma temporada de espera por você.
Mas não quero terminar o texto em lágrimas, não seria justo. Foram treze dias imensamente felizes. Com a saudade, os dias ensinam a lidar. Nenhum lugar é tão distante e existe a tecnologia, que embora não seja a mesma coisa, até ajuda a acalmar a saudade, palavra da minha língua que eu espero ter lhe ensinado a sentir.

3 comments:

Ana Karina said...

Que coisa mais linda, best. Aliás, sempre que venho aqui me deparo com textos impressivos, mas vc escreveu esse de uma forma que me fez sentir o que vc tava sentindo. :~
Hold on, ok? Vc tem que pensar nessas lembranças boas mesmo.
Beijão :****

Roberto said...

Como eu tinha comentado contigo: palavras falam apenas de palavras. As coisas mais importantes só o silêncio e as lágrimas dão conta... às vezes o sorriso também. Enfim, a força do texto está mesmo naquilo que não pode ser dito pelas palavras...

Aldemir said...

A dor da partida parece silenciar todos os momentos maravilhosos que foram vividos anteriormente, no entanto, é preferível acreditar que nada do que se passou se apagará pois sempre fica uma fagulha na fogueira das recordações.