Wednesday, November 19, 2008

Aceita um chocolate?

Os últimos dias têm sido muito quentes. A sensação é de que o mundo vai pegar fogo a qualquer momento. Isso me incomoda demais. Eu detesto calor! Para piorar, a temperatura elevada me tira do sério, me deixa nervoso, profundamente chateado e impaciente.
Hoje, além do fogo que parecia me rodear, o dia ainda foi recheado de melancolia, de coisas que me deixam insatisfeito, de pequenos aborrecimentos que juntos tomam proporções catastróficas, e de ausência... Vai saber que ausência é essa. Ontem fui ao shopping e fiz pequenas compras para acalmar um pouco a minha ansiedade (e, por outro lado, aumentar o saldo devedor do cartão de crédito!!). Aproveitei também o ar-condicionado do shopping como se aquilo me proporcionasse a fantasiosa impressão de que na verdade o mundo não está pegando fogo. E vi vitrines e mais vitrines. Comprei cds virgens, mas ainda fiquei aborrecido por não encontrar algum enfeite novo para pôr na minha árvore de Natal. E que Natal será este! Confesso que me aterroriza um pouco pensar que este ano nossa família já não está mais centrada, ou melhor dizendo, que nossa família já não tem mais o seu centro. E ontem, inclusive, seria seu aniversário... Que saudades da presença da minha avó-mãe!
E hoje... Bom, hoje eu fui ao Hiper Bompreço pagar uma conta. Aproveitei que tinha que ir para Intermares dar aula e parei lá. Caminhei um pouco por seus corredores (por um rápido instante tive vontade de fazer uma enorme feira!). Olhei a seção das cuecas, dos dvds e acabei comprando um creme dental e um chocolate suflair. O chocolate foi a melhor coisa do dia... Por um instante minha boca entrando em contato com o chocolate me deu um incontrolável prazer, como se eu estivesse tendo um orgasmo através do paladar. Mas como na maioria dos orgasmos masculinos, o feeling de prazer passou rápido e tudo voltou ao normal: o calor, a melancolia, os suspiros de meia satisfação. Senti-me como se o bonde da vida tivesse dado uma arrancada súbita e meu saco de tricô tivesse sido lançado ao chão. Da mesma forma que Ana (personagem do conto Amor de Clarice Lispector) senti que tudo era um fio partido.
E ainda estou sentindo... Sentindo a ausência de uma voz docemente sensual ao meu ouvido, de mãos firmes o suficiente para segurar os mantimentos contidos no meu saco de tricô, e da completude sentimental e física que só outro corpo pode oferecer. A ausência da paixão me dilacera!
Só agora me dou conta de que deveria ter comprado outro chocolate suflair.

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