Saturday, October 21, 2006

Rosas despedaçadas

Sinto o cheiro das rosas despedaçadas. Sinto a brisa, ora suave, ora morna. Eu sinto. Eu sinto muito por tudo, não deveria ter sido assim. Mas, por que você não me disse? Havia tanta coisa pra dizer, e, no entanto, você calou. Entendo, eu também calei. E o silêncio nos separou, o silêncio machucou, fez sangrar, matou.
Ainda sinto o seu cheiro nas minhas narinas. Sinto o gosto do seu beijo molhado. Foi pouco, durou pouco, talvez nem tenha existido, mas para o meu corpo (e de certa forma, também para a minha alma) foi intenso demais. Foi tão profundo que sou capaz de sentir o seu cheiro pelo ar, por entre as pessoas. Sou capaz de sentir seu cheiro até mesmo quando ele não está ali. Por que não pôde ser?
Talvez a vida tenha me enganado mais uma vez. Talvez não fosse para ser. Talvez não fosse nem para eu sentir, mas eu sinto e, nada posso fazer para evitar isto. Eu simplesmente sinto.
Não pedirei para você voltar. Não falarei nada, pois as palavras são um lugar inseguro e incerto. Tenho medo de perder-me entre elas. Tenho medo de perder de novo, afinal, não se pode perder duas vezes a mesma coisa. Só se pode sentir, e mais nada.

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