Sunday, October 29, 2006

Como se gritar bastasse

Sinto meu corpo tão carente, meu coração tão vulnerável! Parece que há um buraco, uma parte oca dentro do meu peito. Uma lacuna que grita aos quatro cantos do mundo a necessidade de ser preenchida.
Os meus dias têm sido tão exaustivos! São muitas coisas para fazer em um tempo que é curto. Em um tempo que corre de uma maneira que não consigo definir. Em um tempo que mesmo acelerado ainda me permite sentir minhas feridas. Eu não sei quando isso vai passar, só sei que tudo isso me traz muita dor. Estou só, me sentindo desesperadamente só, desprotegido. Queria apenas uma dose de carinho, um gole de proteção. Queria apenas um abraço, carregado de verdade, no fim do dia.
Além de tudo, sinto tanto sono e talvez este estado de sonolência possa ser uma arma contra meus abismos íntimos. Eu simplesmente não sei!

Fogo...
Para fazer meu corpo queimar
De desejo, eu digo.
Fogo...
Para fazer meus sentidos quererem voar.
Fogo...
Para deixar meu corpo molhado
De suor, e mais nada.
Fogo...
Para aquecer minha alma
Para adormecer minha fera
Para controlar meus instintos
Para, no fim, apagar as minhas chamas.

(José Moacir Júnior)
29 de outubro de 2006

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