Tuesday, March 02, 2010

A voz da verdade


Porque a busca pelo entendimento silenciou a voz que dizia palavras infinitas. O tempo traz a verdade e a verdade traz o entendimento. Ou será ao contrário? Vai saber...
A verdade é que o tempo não pára (Cazuza foi muito feliz em sua colocação). As flores são plantadas, depois brotam e, por fim, morrem. A vida está sempre obedecendo a um movimento cíclico. As pessoas mudam. Mudam a forma de pensar e agir. Mudam os gostos. A vida muda e por mais que machuque as coisas que mais fazem sentido deixam de fazer sentido. E nada como o tempo para trazer a verdade. E a verdade deve, assim acredito, trazer o entendimento.
Os olhos azuis de quem você mais deseja talvez não brilhem mais como antes. As palavras são diferentes. O tom, embora não se escute, é diferente. O que era horas passa a ser dias. O que era dias passa a ser meses. E assim o tempo escorre como água rio a baixo levando as momentâneas verdades e abrindo caminho para as verdades definitivas.
E o sentimento de que tudo teve um fim. O sentimento de que não mais poderá ser o que já se foi. Os próprios atos de cada denotam a mudança. As ânsias de cada um mostram que para o entendimento basta mais um pouco de tempo.
Dói! Fere! Sangra! Mais duro ainda quando não se sabe o que poderia ter acontecido se os planos, os desejos tivessem se realizado. Haverá para sempre a dúvida e incerteza. Se era amor, se era paixão: dúvidas! E se era o grande amor da sua vida? Dúvida que será tirada antes do último suspiro de vida. Se foi o grande amor da sua vida: conformar-se, pois ser o amor da sua vida não garante que vá ser o seu amor para toda vida.
Mas é finito. Sente-se que é finito e acredita-se na necessidade de buscar além do que já se teve. E todas essas palavras que voltaram a ter voz por causa da verdade não passam de um pseudo entendimento. Não há ainda aceitação. Sabe-se, mas não se aceita.
As flores continuaram a ser plantadas e morrerão pouco depois de desabrochar. As águas continuarão a escorrer. As folhas dos calendários virarão lixo. Os olhos azuis brilharão para outros, mas não eternamente. A vida sempre, sempre mudará. A verdade virá; o entendimento, talvez. A saudade virá visitar de vez em quando, em temporadas como o brilho dos olhos azuis que estarão brilhando para outros. As lembranças... Essas fogem à ordem da vida e permanecem, para sempre.

3 comments:

Lia said...

'E exigimos o eterno do percível.Loucos.' (Caio F.)
Gostei muito dos teus escritos.
Beijos.

Juliana Matos. said...

Somos pessoas e temos milhares de dúvidas nesta vida, se poderia ter dado certo, se iria dar certo ou se não! Mais acredito sempre em uma coisa: só acontece o que deveria acontecer, se não acontecer não era pra ser! E deixe que as lembranças façam seu papel e o presente o preencha de novos motivos pra ser feliz!
Um beijo da Ju ;)

Lia said...

Obg por retribuir a visita.
Virei sempre aqui.
Bj